O terceiro e último dia do Marés Vivas ficou marcado pela febre por Louis Tomlinson, a banda que atravessa gerações – Ornatos Violeta, – e os emotivos Snow Patrol. Foi, ainda, dia de António Zambujo, de Jüra, Diana Castro e Mundo Segundo.
O primeiro concerto oficial deste último dia foi no Palco Moche, Diana Castro, que revelou ser “um prazer enorme estar no Marés Vivas”. Conta ao público que quando ligaram “para vir atuar aqui, no mesmo dia que os Ornatos Violeta, gritei” e, por isto mesmo, cantou um cover da banda.
De óculos de sol brancos e vestida de preto, a artista vai cantando as suas músicas para um público que estava, ainda, a aquecer para mais um dia de festival. Foi com “Ginger Ale”, tema que apresentou no Festival da Canção de 2022, que conseguiu uma reação mais vistosa na plateia.
Mais abaixo, no Palco Principal, começava o concerto de António Zambujo. As filas da frente, enquanto esperavam por Louis Tomlinson, iam cantando e aplaudindo as músicas do artista português que, acompanhado de seis músicos, abriu os concertos deste palco num momento de descontração e relaxamento: o público dividia-se entre os que balançavam ao som da música, e os que desfrutavam, sentados, de uma cerveja.
Zambujo, e a sua voz característica, percorreu vários temas dos seus discos, desde “Sagitário”, “Lua” e “Readers Digest”, entre tantos outros. No entanto, foi em “Pica do 7” que o público ganhou vida e, de uma ponta a outra, cantou “mais nada me dá a pica que o pica do 7 me dá”.
Estava feito o aquecimento para Ornatos Violeta.
Ornatos Violeta
Em 2019, os Ornatos Violeta atuaram no MEO Marés Vivas para celebrar 20 anos do álbum O Monstro Precisa de Amigos. Regressaram, este ano, para as 25 primaveras do mesmo. E não vieram sozinhos.
Junto ao palco, milhares de pessoas, de todas as idades, estavam eufóricas com este concerto. “Eles são a representação da minha geração” explicava uma fã que os iria ver pela primeira vez.
“Coisas” dá início a este concerto, seguindo-se “Para Nunca Mais Mentir”, “Para de olhar para mim” e “Tanque”, temas que vão formando um coro na plateia. É o simbólico tronco nu de Manel Cruz que provoca a maior reação no público e, a partir daqui, estava tudo frenético para cantar “Dia Mau”.
As surpresas deste concerto começam quando Manel traz ao palco Samuel Úria para cantar “Deixa Morrer”. Logo de seguida, entra Ana Deus, vocalista dos Três Tristes Tigres, para um dueto daquela que é uma das melhores músicas portuguesas: “Ouvi Dizer”. Vão escorrendo as lágrimas na cara dos mais emotivos e erguem-se os telemóveis para registar este momento. Com mais uma surpresa na manga, Manel Cruz apresenta Filipe Pinto, ex-concorrente do programa Ídolos, que entra em palco para cantar “O.M.E.M.”, e afirma “num dia mais triste, vou resgatar este dia e este momento para me deixar mais feliz”.
Segue-se “Chaga”, um grande momento devido à reação barulhenta do público e, “Capitão Romance”, que colocaria o ponto final deste concerto.
A banda saiu do palco e os gritos e aplausos eram intermináveis. “Eles têm de voltar”, vai-se ouvindo junto ao público. E eles voltam para cantar “Devagar” e “Para-me agora”. Terminava assim este espetáculo, mas ninguém queria parar. Que voltem os Ornatos para celebrar muitos mais anos deste álbum inigualável.
Para perceber este concerto temos de recuar um pouco à madrugada de domingo. Perto da 01h30 da manhã, uma pequena fila já se formava à entrada do recinto: eram as fãs de Louis Tomlinson que, com apenas bilhete para o dia 21, acampavam para conseguir o melhor lugar à frente.
Louis Tomlinson participou no programa The X Factor, onde foi colocado no grupo One Direction, banda que ficou conhecida mundialmente. Agora a solo, trouxe consigo, quase atreladas, centenas de fãs que não arredaram pé do palco principal, desde a abertura de portas.
Viam-se bandeiras de Portugal, de Espanha, da Argentina, de Itália; viam-se t-shirts estampadas com a cara do artista, com frases de músicas; o vermelho, cor que representa a estética do último álbum do cantor, estava em todo o lado. De certa forma, a noite era do Louis e de mais ninguém. No entanto, à medida que o concerto ia decorrendo, era percetível que, do centro da plateia para trás e para os lados, a euforia e dedicação não se igualava. A concentração de fãs estava junto ao palco, na esperança da mais pequena interação com o artista.
Tomlinson sobe ao palco com uma postura calma e abre o concerto com “The Greatest”, seguindo-se “Kill My Mind” e “Bigger than Me”. Imóveis e incrédulas, lavadas em lágrimas, as fãs cantam cada letra, sem erros e enganos. No entanto, os aplausos e coros mais salientes surgem quando Louis canta três músicas dos One Direction (“Drag Me Down”, “Night Changes” e “Whero Do Broken Hearts Go”).
Entre várias interações, Tomlinson ficou com uma camisola da Seleção Portuguesa, bebeu um shot com uma fã e desceu as escadas do palco para ir cantar agarrado às meninas. Não foi o melhor concerto para todos os que lá estavam, mas foi o “melhor dia” da vida de muitas fãs. Se pensarmos nesta perspetiva, foi o melhor concerto da noite.
“Estamos prontos para viver a vida?” grita Jüra no Palco Moche às 23h00 para um concerto de apresentação do seu novo álbum Sortaminha. A presença em palco é o que sobressai desta atuação: a artista faz a espargata, dança e salta de um lado ao outro, não é envergonhada. E o público vai se soltando e dançando. Tudo o que um novo artista gosta.
Snow Patrol
Terminado o concerto de Louis Tomlinson, podíamos pensar que o recinto estaria vazio. A verdade é que este estava bem mais composto do que anteriormente. Junto ao palco, circulava-se de forma mais livre e tranquila e, olhando para todo o recinto, era fácil de perceber que multidão veio ouvir Snow Patrol.
A banda escocesa, que já não atuava em Portugal desde 2019, trouxe o light rock e um Gary Lightbody, vocalista, muito sorridente para fechar esta edição do festival. Dos temas mais antigos, tocaram “Take Back The City”, “Called out in the Dark” e “Run”, música de 2000, que conseguiu abraços e uma ou outra lágrima, bem como um coro, ainda que um pouco inibido.
Com guitarras que se destacam, os Snow Patrol têm power e estão confiantes em palco, o que fez com que apresentassem duas músicas novas, de um álbum que sai apenas em setembro. O vocalista, divertido e engraçado, brinca com o público e diz que “as notas estão demasiado altas”, obtendo risos do público. Faz um pequeno jogo com a plateia e desafia os festivaleiros a cantar a frase “Shut your eyes and sing to me” baixinho, aumentando cada vez mais o tom, até explodir.
No entanto, esta explosão deu-se no tema mais popular “Chasing Cars”: quem estava sentado, rapidamente se levantou para este momento, e quem achava que não conhecia a música, estava enganado. Todos conhecem e todos cantam, cheios de emoção.
No encore, regressam para mais duas músicas. “What if this is all the love you get”, em piano, trouxe, novamente, a emoção ao festival e as lanternas no ar: brilho para um momento bilhante. O concerto terminou com “Just Say Yes”, momento em que o vocalista cantou “Please take my hand” com a mão no ar, recebendo a mesma reação dos festivaleiros. O público agarrou a mão de Snow Patrol e o Marés Vivas terminou em grande festa.
No Palco Moche, já depois dos cabeça de cartaz, é a vez dos fãs de hip hop se deliciarem com Mundo Segundo, um dos artistas mais influentes deste estilo em Portugal. Natural de Vila Nova de Gaia, sentia-se em casa.
Convidou ao palco Bezegol para cantar “Conto Bafiento”, Aze – membro do grupo Mind da Gap – que pediu “muita desculpa” ao público por se ter esquecido das letras, e Deau, outro artista de Gaia.
A lírica de Mundo Segundo ganhou fama pela sua introspeção e profundidade, pelos temas sobre a desigualdade, as lutas pela justiça e a vida nas ruas. Com início de carreira em 1999, o rapper é também membro do grupo Dealema e continua a ser uma voz relevante no mundo do hip hop.
A 16ª edição ficou marcada pelos inúmeros stands que se encontravam em todo o recinto e pelas filas infindáveis de quem procurava um brinde. Este ano, o festival contou com uma ala de barracas de artesanato com todo o tipo de bijuteria, roupa, acessórios, entre muitos outros.
Havia, ainda, um outro palco, bem mais pequeno, mas cheio de energia, com música brasileira que ia animando os festivaleiros, principalmente nos finais de noite. Com a função de animar entre concertos, estava o Palco Comédia, que contou com a atuação de vários comediantes e humoristas durante os três dias. Ontem, último dia, foi a vez de “Canta-me uma história”, uma atuação em estilo de podcast.
O festival regressa, em 2025, nos dias 18, 19 e 20 de julho no mesmo local.




















