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Mesmo Com Axl Rose Os AC/DC Continuam A Fazer Bom Rock

Reportagem de Tânia Fernandes, Foto EIN

Quem toca o Sino do Inferno consegue também conter o génio do São Pedro. Tréguas no mau tempo para assistir ao espetáculo, mas também nas dúvidas dos fãs. Os AC/DC provaram ontem que, nem a troca de vocalista – com a agravante de ter estar sentado, com o pé partido – os impede de dar um grande concerto de rock incendiário.

A uma hora do início do concerto e contra todas as previsões, a chuva parou. A afluência ao recinto acabou por se concentrar perto da hora marcada para a atuação dos AC/DC, mas mesmo com um pequeno compasso de espera, a organização conseguiu controlar a afluência e fazer com que os cerca de 60 mil chegassem a tempo. A capa de chuva era acessório obrigatório, ainda assim, era possível vislumbrar alguns coletes de ganga cobertos de badges de tecido, tão populares nos anos oitenta. À indumentária, muitos acrescentaram uma bandolette com chifres vermelhos iluminados que piscaram pela noite dentro.

Esta assistência de “pequenos diabos” estava expectante com a entrada da banda em palco, em consequência dos incidentes das últimas semanas: a substituição inesperada de Brian Johnson por Axl Rose, a despoletar a primeira polémica. E depois, a imobilidade do novo vocalista, ao partir o pé num concerto dos Guns’n’Roses. Poderia alguma coisa correr pior? A Lei de Murphy diz que sim, e o agravamento das condições meteorológicas no dia do concerto voltou a incendiar as redes sociais, com, mais uma vez, insistentes pedidos de cancelamento do espetáculo.

A verdade é que o concerto foi mesmo para a frente e quem lá esteve, não o desmente. Os AC/DC surgem com nova formação, mas com o espírito incendiário de sempre, com capacidade para fazer vibrar a multidão e agitar muitos cabelos. Angus Young continua a ser a alma da banda e Axl Rose deu-lhe todo o destaque que ele merece. Longe das atitudes de rockstar que sempre teve, manteve-se na sombra. Emprestou a sua boa voz ao timbre que caracteriza a banda, avançou com cautela de canção em canção, até porque fisicamente se encontra numa situação vulnerável.

Mesmo com todas as dúvidas, e apesar de ter de dar a voz num concerto rock do mais enérgico possível, conseguiu fazê-lo sentado, a partir de um trono, com a perna esticada. E sentiu-se, com o peito, os acordes de temas tão clássicos e familiares como “Back in Black”, “Thunderstruck”, “Hells Bells”, “You Shook Me All Night Long” ou “T.N.T.”. As corridas de Angus Young com os seus passos curtos e as demonstrações técnicas com a guitarra fazem o delírio do público. E mesmo sem microfone, ele faz questão de dialogar com quem assiste e vai colocando a mão no ouvido, pedido mais euforia.

Longe da forma física que atraiu milhares de garotas, Axl Rose mede as palavras que diz e vai, de forma cautelosa, estabelecendo contato. Já próximo do final do concerto, admitiu que se sentiu “intimidado” e foi sempre dirigindo o protagonismo para Angus e o resto da banda.Já mais confiante, e antes “Whole Lotta Rosie”, Axl Rose admitiu que esta tinha sido a primeira musica que ouviu de AC/DC. No fundo do palco, cresce uma Rosie insuflável gigante, em roupa interior, de formas generosas e pose sedutora, que ilustra o tema.

“Let There Be Rock” deixa Angus Young sozinho em palco, num extenso solo, em que ele toca, corre, salta, cai no chão e nem por isso deixa de tocar. Tempo ainda para a largada de confettis na frente do palco que o vento atira na direção contrária ao rio. A multidão está convencida de que isto é rock’n’roll e por isso, quando a banda abandona o palco, pede por mais.

Em encore, tocam uma das mais cantadas pelo público “Highway to Hell”. Todos conhecem a letra e todos parecem ter uma guitarra nas mãos que agitam de forma frenética. A noite termina com “Riff Raff” e “For Those About to Rock (We Salute You)” com pirotecnia e fogo de artificio a encerrar.

Prova superada, para mais uma etapa da longa e atribulada vida dos AC/DC. O receio da aposta parece estar ultrapassado, com potencial para melhorar, quando Axl Rose conseguir atuar com os dois pés no chão.

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