A música regressou ontem ao centro de Lisboa, com a abertura de portas do Festival Super Bock Super Rock. Uma noite quente em que se destaca a atuação enérgica dos The Temper Trap, a celebração com os The National e a festa promovida pelos Disclosure.
Com todos os palcos em plena atividade, coube aos australianos The Temper Trap as honras de abertura do palco principal, o palco SuperBock. Com uma energia que parece ser inesgotável, a banda abriu o concerto com a nova “Thick as Thieves”, música que também dá nome ao último álbum, para logo agarrarem o público com os sucessos “Love Lost” e “Down River”. O concerto desenrolou-se ao longo dos três álbuns editados pela banda. Com a energia contagiante do vocalista Dougy Mandagi nas batidas de “Drum Song” a passar para o público, este fez questão de agradecer o apoio e de dar os parabéns a todos pela vitória no Euro2016. Com a atuação sempre em crescendo, finalizaram com o single que os tornou mundialmente conhecidos, “Sweet Disposition” que aqueceu o muito público que ia entrando no Meo Arena para guardar lugar para os senhores que se seguiam.
Os muito aguardados The National, verdadeiros cabeças de cartaz do primeiro dia do 22º SBSR, fizeram as delícias de todos. Com Matt Berninger e o seu tradicional semblante carregado em palco, curvado sobre o microfone de forma a fazer sair aquele timbre de voz inconfundível e imperial. Com um inicio fulgurante com “Don’t Swalow the Cap” e “I Should Leave the Salt”, músicas do último álbum Trouble Will Find Me (2013), os The National foram passando pela discografia bem conhecida do público presente, tal a forma entusiástica como acompanhavam a banda a cantar. Matt Berninger recordou os bons momentos vividos em anteriores concertos em Portugal e diz, sempre a ajeitar os longos cabelos por forma a admirar o público, como é bom estar de volta.
Com 15 anos de carreira, o concerto foi percorrendo os diversos álbuns da banda americana através de “This is the Last Time” ou “Pink Rabbits”. Até que chegam alguns dos momentos de maior êxtase. O clássico “Fake Empire” faz pular das cadeiras o muito público também presente nas bancadas do Meo Arena. Em “Mr November” as palmas do público acompanham-na do inicio ao fim, e os gritos chegam a sobrepor-se aos gritos do próprio Matt, tornando público e banda num só. E Matt, não podia encontrar melhor forma de ilustrar este sentimento de união, de comunhão entre todos os que marcaram presença, se não com “Vanderlyle Crybaby Geeks”. Descendo novamente para a plateia, onde já tinha estado para preocupação dos seguranças, fica empoleirado no gradeamento por alguns segundos e deixa-se levar para os braços dos fãs, deitando-se sobre estes, entregando-se e confiando nas suas mãos, na sua força e energia, abraçando de forma colectiva todos os que fazem dos The National um fenómeno à escala planetária. E esta noite, voltaram a mostrar que o são.
Ainda que The National tenha sido uma das bandas mais esperadas da noite, era significativa a afluência ao concerto de Jamie XX, no palco EDP. Certamente, uma opção para quem prefere a eletrónica ao rock. Jamie XX brindou o muito público que preencheu por completo o espaço sob a pala do Pavilhão de Portugal com uma mistura de um concerto e um DJ set. O membro dos The XX não desiludiu, deixando a multidão entusiasmadíssima ao ponto de em uníssono e muito afinados, abandonassem o recinto no final do concerto com o cântico que desde domingo passado se tem ouvido vezes sem conta, e por todo o lado… “E foi o Éder que os fo***!”
No final todos confluíram na direção do Meo Arena para assistir ao concerto dos Disclosure. Um regresso dos irmãos Guy e Howard Lawrence a Portugal, que é sempre bem recebido, desta vez, com o recentemente editado EP Moog for Love para apresentar. O propósito é de por todos a dançar, ainda assim acabam por passar por variados estilos musicais. Começaram com “White Noise”, um tema de Settle e depois de “Fool For You” tiveram de interromper inesperadamente a festa devido a problemas técnicos. Pedem de forma educada desculpa, retiram-se do palco mas regressaram minutos depois para continuar uma atuação que fez vibrar o público.
Contaram com a participação especial de Kwabs, músico que irá atuar esta sexta-feira, no tema “Willing & Able” e, mais tarde, o cantor e compositor americano Brendan Reilly em “Moving Mountains”. Para o final, ficou o mega-exito “Latch” gravado com Sam Smith, dançado até mais não.
Antes, já haviam passado pelo palco EDP o projecto one-woman-band da leiriense Surma, uma participação que surge no âmbito da parceria com a Plataforma Tradiio e que trouxe uma sonoridade exótica. A música continuou com Lucius, o quinteto indie pop oriundo de Brooklyn, onde se destacam Jess Wolfe e Holly Laessig, num uníssono de vozes e de caracterização.
Seguiram-se os irlandeses Villagers que traziam na bagagem o último trabalho Darling Arithmetic. Trouxeram ao palco EDP uma combinação de folk com pop e música alternativa em que não faltou uma harpa, com a qual nos transportaram para as sonoridades mais idílicas da Irlanda.
Com a noite a cair, influenciado por nomes como Neil Young ou Bruce Springsteen, o americano Kurt Vile mostrou as razões pelas quais o seu último registo b’lieve I’m going down… é considerado por muitos como um dos melhores discos de 2015.
O Palco Antena 3, dedicado como é costume a bandas portuguesas, contou desde cedo com uma boa moldura humana na escadaria exterior do Meo Arena. O ligeiro atraso no inicio dos concertos não impediu que brilhassem neste palco Alex Rein, Benjamim e sobretudo Peixe: Avião, que apresentavam ao público o mais recente trabalho Peso Morto e acima de todos o muitas vezes irónico e irreverente Samuel Úria.

Esta sexta-feira o 22º SBSR volta a brindar-nos com um cartaz muito atractivo, com Mac Demarco, Rhye, Bloc Party, os muito aguardados Iggy Pop e Massive Attack com Young Fathers, e ainda os portugueses Capitão Fausto, entre outros. Ainda há bilhetes à venda nos locais habituais e custam 50 euros.




















