O sol chegou ao NOS Alive, que arrancou esta quinta-feira no Passeio Marítimo de Algés, com lotação esgotada, de acordo com a organização. Arcade Fire a dizer que “em Lisboa se sentem em casa”.
Uma noite de greatest hits que se estendeu a Smashing Pumpkings e Benjamin Clementine. Black Pumas e depois Parcels levaram a euforia muito para além da capacidade do recinto, junto ao palco secundário.
A sequência de êxitos cantada em uníssono e quase sem interrupções, culminou com o enorme “Wake Up”. Hora e meia de concerto depois, quando as luzes se acenderam, e a música de fundo assinalava o final da apresentação, o público não arredou pé. Cantou e dançou “Stand By Me”, a canção de Ben E. King como se de um encore se tratasse.
Verdadeiros habitués dos palcos nacionais, os Arcade Fire têm-nos brindado com concertos inesquecíveis, em nome próprio, ou integrados em diferentes festivais. Win Butler e Régine Chassagne guiam a banda indie rock canadiana formada em Montreal em 2001, que se destaca pela utilização de uma ampla gama de instrumentos, incluindo violino, violoncelo, xilofone, harpa e acordeão, além dos mais tradicionais guitarra, baixo e bateria.
São conhecidos pelo seu som que mistura elementos de rock, pop barroco, e art rock. Abriram com uma intro de Sound & Vision, de David Bowie e entraram depois num medley interminável de temas feitos para dançar ao ar livre. Hinos como “Rebellion”, “Ready to Start” ou “Thesuburbs” são parte essencial dos seus concertos e não faltaram no alinhamento desta noite. Atravessaram-se ainda no refrão de “Temptation” dos New Order com “Bolts from above hit the people down below/ People in this world, we have no place to go”, seguido de um agradecimento especial a Smashing Pumpkins através de “Today”.
A capacidade dos Arcade Fire de se reinventar e de desafiar as expectativas musicais, mantendo ao mesmo tempo uma profunda proximidade com o público, mantêm-nos no topo de preferências dos portugueses. “Obrigada Lisboa. Sentimo-nos em casa, desde a primeira vez que tocámos aqui!”
Parcels
Um cartaz com boas propostas musicais, algumas sobrepostas, deu azo a vários périplos pelo recinto. Nem sempre deu para acompanhar concertos completos, mas o que encontrámos no palco Heineken, a meio do concerto de Parcels foi uma impenetrável multidão a vibrar com a atuação da banda australiana de indie pop.
O grupo é composto por cinco membros: Louie Swain (teclados), Patrick Hetherington (teclados e guitarra), Noah Hill (baixo), Anatole Serret (bateria) e Jules Crommelin (guitarra). Misturam elementos de disco, funk, e pop com um groove cativante, ingredientes essenciais para uma boa dance party!
As mesas e caixotes do lixo na lateral do palco foram camarotes muito requisitado para quem não queria perder pitada com concerto. Em “Tieduprightnow”, Overnight” e “Lightenup” revelaram a essência que os tornou populares.
Smashing Pumpkins
Os que viveram a adolescência nos anos 90 não perderam a atuação de Smashing Pumpkins. A banda de rock alternativo, formada em Chicago, sabe gerir as harmonias da nostalgia e trouxeram alguns dos seus grandes êxitos como “1979”, “Bullet with Butterfly Wings”, “Tonight, Tonight” e “Zero”.
Os portugueses têm tido oportunidade de acompanhar a longa carreira da banda e vimos sorrisos saudosistas quando Billy Corgan recordou o primeiro concerto em Portugal, há 28 anos, na Praça de Touros, em Cascais.
Com um legado que inspira novas gerações de músicos e fãs, os Smashing Pumpkins continuam a cativar o público com a sua música. Pelo meio, mostraram algumas novidades como “Beguiled“ ou “Empires” do mais recente trabalho Atum, editado em 2023.
Black Pumas
O recinto do palco Heineken foi pequeno para receber a adesão à banda norte americana, oriunda do Texas, Black Pumas. A dupla de soul rock é composta pelo vocalista Eric Burton e pelo guitarrista e produtor Adrian Quesada. Burton, ganhou experiência a cantar nas ruas e em pequenos clubes. Consegue trazer para o palco, essa autenticidade crua e emotiva.
A banda é acompanhada por uma secção rítmica que acrescenta ainda mais dinâmica à sua atuação. Temas como “Fire“, “Black Moon Rising” ou no final “Colors” deixaram grandes memórias a quem assistiu e uma vontade enorme de os voltar a ver em concerto em nome próprio.
Benjamin Clementine
O artista britânico Benjamin Clementine também já não é novidade nos palcos nacionais, mas ter a oportunidade de ouvir a sua grandiosa voz ao vivo é sempre surpreendente.
O exotismo da sua figura, de ascendência ganesa e o amplo sorriso conquistam ao primeiro olhar. Brindou-nos, mais uma vez, com um alinhamento feito de soul, jazz, rock e elementos clássicos.
Com uma componente visual irrepreensível, Benjamin Clementine juntou aos seus emotivos temas belíssimos vídeos de dança contemporânea, no ecrã de fundo. Descalço, enraizado em solo nacional, fez-nos gritar, ao mundo, temas como “Condolence” (divertido momento em que o artista quis cantar o refrão em português e tateou a pronuncia de Camões), “Cornerstone”, “I won’t complain” e “Nemesis”.
Benjamin Clementine continua a ser uma figura inspiradora no mundo da música, reconhecido pelo seu talento único e a sua capacidade de transcender barreiras musicais e culturais.
Nothing But Thieves
Os Nothing but Thieves abriram o palco principal, neste primeiro dia de festival “Só aqui estivemos uma vez e não sabíamos se íamos ter alguém a ver” referia Conor Mason, o vocalista, confrontado com a boa surpresa de ter pela frente uma plateia numerosa a cantar os seus temas.
A banda de rock alternativo, natural de Southend-on-Sea, Inglaterra, traz frescura e inovação ao rock alternativo. Ao álbum de 2023 “Dead Club City” já acrescentaram novos temas, e reeditaram o trabalho este ano.
Seguraram-nos, logo no início do concerto com “Welcome to the DCC” e surpreenderam-nos com o assobio indie mais famoso dos anos 90, com uma versão de “Where Is My Mind?”, dos Pixies. Retivemos os riffs de guitarra cativantes e as vincadas linhas de baixo. Despediram-se com “Amsterdam” e “Overcome”.
Unknown Mortal Orchestra
A tarde começou com a banda Unknown Mortal Orchestra, liderada pelo músico neozelandês Ruban Nielson. Uma abordagem eclética e experimental à música, com uma forte influência do rock psicadélico dos anos 60 e 70.
Criam um som único que desafia as categorizações tradicionais. As suas letras tendem a explorar temas de alienação, amor, e introspeção, muitas vezes com um toque surrealista.
O NOS Alive volta a abrir as suas portas esta sexta-feira, dia 12 de julho, às 15h00. Atuam:
Palco NOS: 18h30 T-Rex; 20h00 Ashnikko; 22h00 Arlo Parks subtitui Tyla; 23h45 Dua Lipa
Palco Heineken: 17h00 The Heavy; 18h10 Larkin Poe; 19h30 Nathaniel Ratcliff & The Night Sweats; 21h10 Aurora; 22h40 Michael Kiwanuka; 01h15 Gloria Groove; 02h50 Floating Points
WTF Clubbing: 17h00 Extrazen; 18h00 Diana Lima; 19h30 Sea Girls; 21h00 Jüra; 22h45 Tourist; 01h30 Genesis Owusu; 03h00 Dardust
Coreto: 17h50 Malva; 19h00 Brisa; 20h40 L-Ali; 22h10 Maudito; 23h50 Bruma
Fado Café: 17h15 Valéria Carvalho; 18h35 Valéria Carvalho; 20h05 Matilde Cid; 21h30 Matilde Cid; 00h00 O Samba É 1 Só
Palco Comédia: 18h30 Joana Oliveira; 18h50 Vasco Pereira Coutinho; 19h10 João Pinto; 19h30 John Mendes; 19h50 Joel Ricardo Santos; 21h10 Jel; 22h50 Eduardo Madeira
Pórtico: 15h00 Patrícias S.A.; 16h15 Patrícias S.A.; 17h30 Road 31; 18h45 Road 31; 20h00 A-Gold.
