A chuva intensa, que começou a cair esta quarta feira, depois das 22h00, no Parque da Cidade, no Porto, não desmobilizou os milhares que vieram com dois nomes no topo da lista para ver: Baby Keem e, mais tarde, Kendrick Lamar.
Apesar da chuva intensa que se começou a fazer sentir durante a atuação de Baby Keem, os festivaleiros não se deixaram intimidar, e demonstraram que a paixão pela música supera qualquer obstáculo. Houve quem tivesse conseguido fintar as regras e erguesse guarda-chuvas abertos. A maioria estava preparada e envergava capas de chuva. O público mostrou que estava pronto para aproveitar ao máximo o que o festival tinha para oferecer.
Baby Keem, o rapper, cantor e produtor musical americano tem-se destacado como um dos talentos emergentes do cenário do hip-hop. Ganhou, em 2022, Grammy award da Melhor Rap Performance.
Natural de Las Vegas, Nevada, Baby Keem começou cedo uma carreira musical em que tem explorado diferentes estilos e sons, que combina elementos do trap, rap e R&B contemporâneo.
Subiu ao palco sozinho e integra esta nova corrente de talento muito apreciada pelas camadas mais jovens que dispensa banda. Com uma abordagem criativa e estilo versátil, fez questão de dizer que era a primeira vez que atuava no Porto. Integrou, o ano passado, o cartaz do Rolling Loud de Portimão.
Abriu com “Trademark USA”, pelo meio, fez o público vibrar com “Hooligan”, “Orange Soda”, “Praise God” (uma colaboração com Kayne West) e “Family Ties”, o tema feito com o seu primo direito, Kendrick Lamar, cujo sucesso ampliou ainda mais o alcance de Baby Keem. Mais tarde, o publico teve oportunidade de voltar a ouvir o tema, agora cantado por Kendrick Lamar, com Baby Keem como convidado especial.
Kendrick Lamar
Um dos momentos mais aguardados da noite foi a atuação de Kendrick Lamar, o regresso de um dos grandes nomes do rap norte-americano. Kendrick subiu ao palco principal e conseguiu deixar um espetáculo memorável, carregado de energia. Nascido em Compton, na Califórnia, em 17 de junho de 1987, é um dos mais proeminentes artistas da cena do hip-hop dos Estados Unidos.
Abriu com “N95”, do album “Mr. Morale & the Big Steppers” lançado em 2022 e foi depois a sucessos mais antigos como “HUMBLE.”, “DNA.”, “Loyalty” (aqui havia quem perguntasse pela Rihanna). O rapper conseguiu cativar o público desde os primeiros acordes, com a sua capacidade para abordar temas sociais profundos nas suas canções. Da bancada, assistia-se à movimentação da multidão, ondulante, junto ao palco. “Bitch, Don’t Kill My Vibe”, “ELEMENT.”, “Swimming Pools (Drank)”, “Money Trees” e “Alright” integraram este alinhamento, da sua atuação no Primavera Sound Porto.
O início da tarde
O primeiro dia de Primavera Sound, festival conhecido por trazer um lineup diversificado e de qualidade começou a edição de 2023 numa espécie de soft opening. No primeiro dia, manteve apenas dois palcos a funcionar.
Nesta edicao há uma nova disposição de palcos. O palco principal fica situado junto à entrada, virado de costas para o mar, enquadrado na escultura de rede de Janet Echelman, a Anémona Gigante, que caracteriza a rotunda de Matosinhos.
Foi aqui que a cantora brasileira Beatriz Pessoa abriu o festival Primavera Sound Porto, num final de tarde ameno. De voz doce e expressiva, trouxe canções que refletem as suas experiências pessoais e a sua visão do mundo.
Seguiu-se Georgia, do outro lado do recinto, onde antes funcionava o palco principal. Georgia é o nome artístico de Georgia Barnes, uma cantora, compositora e produtora musical britânica. Ela é conhecida pela capacidade de combinar elementos de pop, eletrônica, dance e indie rock.
Apresentou-se sozinha em palco, cheia de vontade de brilhar e com dois sets de pratos eletrónicos, marcou o ritmo do final da tarde. Deu-nos a conhecer “It’s Euphoric”, o seu mais recente tema, lançado este ano.
Quem também apresentou novo trabalho, neste mesmo palco, foi Holly Humberstone. A jovem revelação indie pop britânica conquistou logo a abrir, descontraída e cheia de energia com “The walls are way too thin”, tema lançado em 2021. “Obrigada por terem vindo. É a minha primeira vez em Portugal.”
De ar escazelado, t-shirt de criança, guitarra em punho e uma voz cativante, Holly Humberstone, chamou a atenção com suas composições introspetivas, letras honestas e uma voz que transmite emoção e vulnerabilidade. Tocou “Deep End” que partilhou ter sido uma música escrita há três anos, para a irmã que lidou com questões de saúde mental “Escrevi esta música para ela e para todas as pessoas que têm de lidar com isso”.
“Anti-christ” foi um dos novos temas que tocou, em estreia quase absoluta “Acabei de escrever um álbum Apresentamos novos temas, pela primeira vez, há dois dias em Barcelona. Espero que gostem!”. Fechou em festa com “Scarlett”.
Antes, no palco principal, espreitámos o concerto de Alison Goldfrapp, o outro talento artístico britânico deste primeiro dia. Voz distinta, estilo visual marcante e uma abordagem pop da música eletrónica marcaram a sua apresentação.
Ela é conhecida por suas performances teatrais e extravagantes. Incorpora elementos de moda, arte e teatro em suas apresentações ao vivo. A imagem, cuidadosamente elaborada, complementa a música.
O momento “dilúvio da noite” aconteceu durante a apresentação de The Comet Is Coming, concerto que decorreu entre Baby Keem e Kendrick Lamar. A banda constituída pelos músicos britânicos Shabaka Hutchings, Danalogue e Betamax, combina elementos de jazz, eletrônica e música experimental. Em palco, eles criam uma fusão única e inovadora que cativa os ouvintes e os transporta para uma jornada cósmica, reformada pelos elementos visuais projetados no ecrã.
O Primavera Sound Porto volta a abrir portas esta quinta-feira para o segundo dia de Festival. Atuam Rosalía, The Mars Volta, Arlo Parks, Núria Graham, Fumo Ninja, Mora, Fred Again, Maggie Rogers, Shellac, Quadra, Bad Religion, Japanese Breakfast, Alvays, The Beths, Jockstrap, Gilla Band, Gaz Coombes, The Murder Capital, Surf Curse, VTSS B2B LSDxoxo, Teki Latex, Uniiqu3 e Gazzi.
Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam 70 euros.
