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Robbie Williams E Os Seus Demónios Em Lisboa

Reportagem de António Silva e Tânia Fernandes

Robbie Williams

É um fenómeno de sucesso que ganhou identidade própria e sobreviveu ao longo dos anos. Robbie Williams regressou esta segunda feira a Lisboa. Perante uma Altice Arena lotada deu um grande concerto, dois dedos de conversas, meteu piadas pelo meio e ainda tratou de assuntos mais sérios. O verdadeiro entertainer!

É certo que a segunda feira pode ser um dia mais difícil para assistir a um concerto, tendo em conta que, para a maioria, há uma semana de trabalho pela frente. Mas tendo em conta que é Robbie Williams a pisar o palco, não há motivo para bocejo.

Este foi o último espetáculo do músico nesta digressão europeia, de celebração de 25 anos de carreira a solo, que foi precedida de um álbum com o mesmo nome. Ninguém quis falhar esta maratona de grandes êxitos. Mas Robbie Williams, qual garoto endiabrado, tinha tanto para partilhar o público português… O artista tem um genuíno à vontade perante uma plateia de milhares e não hesita em interromper uma música para perguntar se a pessoa que está a subir as escadas, na bancada, está a ir à casa de banho. Fazer o nº1 ou o nº 2…

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A entrada em palco foi precedida de um batimento cardíaco. Em breve a pulsação iria subir para todos os presentes com “Hey Wow Yeah Yeah” e “Let Me Entertain You”. O palco era totalmente horizontal, sem zonas mais elevadas (a dar menos hipóteses, a quem assistia na plateia em pé, de ver verdadeiramente o artista). Mas carregado de painéis de vídeo cuja imagem em tempo real do artista era inserida, enquadrada nas animações feitas para cada tema.

Numa primeira interacção com o público, Robbie Williams debateu o conceito de Entretenimento. Para ele, a regra nº 1 é “amar a audiência”. Como se põe em prática? Disse que ia tentar explicar, ou melhor ainda, exemplificar. Com o sonante refrão de “Land of a Thousand Dances” incentivou o público a acompanhá-lo.

Aos primeiros acordes de “Monsoon” pede uma pausa à banda e queixa-se da falta de folego por motivos de um “covid longo”. Mas nada o impede de ir para junto do público, entoar o refrão “So put your hands across the water”.

Ao regressar ao palco, põe o público a rir, pela primeira vez na noite, ao contar que em Hamburgo foi agarrado em zonas sensíveis…

Aproveita para abrir a porta a temas que atravessam o percurso de um músico: sexo, drogas, escândalos. Coloca a bandeira de Portugal aos ombros e serve “Strong” em modo karaoke.

Sempre com um olhar no público, não perde uma oportunidade interagir. Desta vez, o motivo foram duas raparigas, na lateral do pavilhão, de acordo com ele, com os “piores lugares da noite”. Convida-as a descer ao palco!

Explica, de seguida, que faz essencialmente dois tipos de canções: aquelas em que se sente incrível e outras em que está deprimido, sozinho e acha que não vale nada. Anuncia “Come undone” como um tema do segundo tipo. Muitos telemóveis sobem no ar e a canção é entoada por todos.

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Embarca depois numa viagem ao início dos anos noventa, revela algumas efemérides e acrescenta-lhes o início dos Take That, a boys band de sucesso que integrou durante dois anos. De acordo com o próprio, “uma banda formada por cinco rapazes que mudou o panorama da música para sempre”. Temos depois oportunidade de ver, no ecrã, imagens do primeiro videoclip da banda. São muitos os desabafos que partilha ao longo da noite, de como não se sentiu integrado no grupo e acabou por ser forçado a abandonar o projeto. Parece que o ponto de rotura aconteceu no festival de Glastonbury e esse própósito recupera “Don’t Look Back in Anger” dos Oasis.

Depois de “The Flood”, uma verdadeira travessia da tempestade, fala com muito humor da sua vida familiar e dos quatro filhos. Dedica-lhes o tema “Love of my life” durante o qual o público é banhado de confettis. O videoclip que acompanha a canção está repleto de desenhos infantis.

Volta aos desabafos e conta que deixou de beber há 23 anos. Levanta o queixo ao assumir que “decidiu viver” quando viu os limites muito próximo. Da fase em que se sentia sozinho e perdido, recorda que quem lhe deu mão foi Geri Halliwell e foi para o antigo elemento das Spice Girls que escreveu “Eternity”. Neste concerto, o tema é apresentado com um bonito vídeo de uma orquestra de cordas, como apoio.

É com um momento assumidamente pop de “Candy” que avança para o final de um concerto cheio de animação. Distribui t-shirts pelo público, como quem atira rebuçados. Depois, ligam-se os leds e sai o aguardado “Feel” (previamente ensaiado). O coro é gigante e continua em “Kids”. Volta a impor ritmo com “Rock DJ” e pede a todos para se porem de pé.

Regressa para um encore que inicia com “No Regrets” e escolhe nova vítima no público, com quem vai encetar conversação. Uma jovem, de 24 anos, que treme que nem varas verdes. Robbie Williams dedica-lhe um “She’s The One” e para que não se insinuem más interpretações, vinca um sentimento paternalista.

É a idade o tema que sobressai na conversa final. E também um agradecimento ao público, neste último espetáculo da digressão. Antes de terminar sobra mais uma palavra sobre os demónios contra os quais lutou durante muitos anos e de todo o processo de cura, feito a partir do momento em que conheceu a mulher. O jogo de empatia é levado às ultimas consequências “Sabia que vos tinha do meu lado. Do fundo do coração, obrigada. Vocês são incríveis”.

E incrível foi também a interpretação de “Angel”, o tema gravado em 1997, com que Robbie Williams encerrou cerca de duas horas de espetáculo. E sobre o qual todos saíram a cantar, de asas nas costas.

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