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Se Em Cada Criança Cabe Toda A Humanidade, Como Estamos A Cuidar Dela?

Crónica de Liliana Ferreira - Autora do Blogue Emoções à Flor da Mente

“O mundo que vamos deixar para os nossos filhos depende dos filhos que vamos deixar neste mundo”. Esta frase do professor, escritor e filósofo Mário Sérgio Cortella, encerra em si toda a liberdade e responsabilidade que cada adulto assume ao cuidar e educar uma criança.

Quem educa uma criança educa a humanidade, porque em cada criança que nasce cabem todas as probabilidades do destino e todos os sonhos que alguma vez ousámos imaginar. A forma como amamos cada criança espelha o amor e atenção que devotamos ao melhor que podemos ser enquanto seres humanos, porque é no respeito pelo valor e integridade destes pequenos seres que revelamos o quão dedicados estamos em construir um mundo que reflicta os mais nobres valores.

No dia em que abrem os olhos pela primeira vez para o mundo começa a escrever-se uma história cuja introdução se começou a alinhavar no útero materno. Antes de nascer já esse bebé bebeu das alegrias, do entusiasmo, das inseguranças e das ansiedades que a mãe experienciou durante os 9 meses de gestação.

Os primeiros capítulos desta fabulosa história que é a vida escreve-se essencialmente sob a batuta das emoções. É sob o jugo do nosso cérebro primitivo, sem discernimento racional (que só mais tarde se irá desenvolver), que a criança começa a estruturar a base do que será enquanto ser humano.

Nesta etapa a interacção com os cuidadores mais próximos e o ambiente que a rodeia busca a supressão das necessidades mais básicas, no garante da sua sobrevivência. Desde o primeiro minuto da sua existência o bebé procura, também nestas interacções que estabelece, sentir-se amado, seguro e protegido. É a partir deste porto seguro que a criança desenvolve as capacidades de confiança e autonomia que lhe permitirão partir à conquista do mundo.

Pelo contrário, se a criança não se sentir aceite, acarinhada e estimulada, os alicerces sob os quais edificará a sua experiência de vida, entendimento de si própria e dos outros, tornam-se frágeis e facilmente podem desmoronar.

Para atingirmos o objectivo de fazer crescer uma criança saudável e feliz é importante não descorar, desde a mais tenra idade, a importância do reconhecimento, validação e gestão da nossa amplitude emocional, que desde cedo molda a forma como nos vemos e interagimos.

É comum ouvir-se que o melhor do mundo são as crianças, porque nesses pequenos seres em formação reside todo o encanto e magia da potência que já são e toda a esperança de um mundo melhor que está por vir. Mas esse mundo que se idealiza constrói-se no momento presente, nos mais pequenos detalhes e em toda a consciência que depositamos nas nossas acções e escolhas diárias para com as nossas crianças. O certo é que se não cuidarmos hoje do que semeamos e deixarmos o seu crescimento às mãos do acaso, não podemos esperar milagres na colheita.

Ninguém dá o que nunca recebeu e, por isso, as crianças retribuirão no futuro aquilo que nós, adultos, formos capazes de lhes dar no presente. Para o bem ou para o mal da humanidade, esta é a infalível lei do retorno. Cabe-nos assim sermos agora, a cada dia, a mudança que queremos ver no mundo e, com certeza, as crianças absorverão os melhores ensinamentos para se tornarem nos adultos que tanto ousamos sonhar.

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