Reportagem de Tânia Fernandes (Texto) e António Silva (Fotos)
Será possível fazer música com
vassouras, caixas de fósforos, baldes do lixo ou tubos? Se calhar nem todos terão mãos para isso. Os Stomp provaram, ontem, no CCB que o espetáculo incrível que criaram há 25 anos, com recurso a objetos de rua, não está esgotado e continua a surpreender os que a ele assistem. Muito ritmo combinado com uma generosa dose de humor, para ver, até ao próximo domingo em Lisboa.
É uma vassoura, o primeiro “instrumento” musical da noite. Junta-se outra, e depois mais outra. Os três artistas que varrem o chão de forma sincronizada estabelecem uma cadencia que nos apela a acompanhar com o corpo. Em breve são oito os artistas em palco, a desenvolver esse ritmo juntando-lhe dança e expressões corporais a apelar à interação com o público.
Eles estão em cena, mas sempre com a plateia debaixo de olho, pronta, desde o primeiro número, para participar neste emotivo espetáculo. Às vassouras sucedem-se as caixas de fósforos, baldes, carrinhos de supermercado, sacos do lixo e uma infinidade de objetos que não contamos à partida, que tenham características melódicas. Mas têm e é surpreendente a harmonia que se consegue, por exemplo, com um conjunto variado de tubos de plástico.
Durante quase duas horas, o público assiste a um espetáculo único, que poderia decorrer numa viela mais escura, mas veio para os grandes palcos do mundo inteiro pela mão de Luke Cresswell e Steve McNicholas. Trata-se de uma forma de entretenimento universal, sem recurso à palavra, a provar que podemos rir à gargalhada só com expressões.
O hilariante número de música feita com lava-loiças é um desses exemplos, outra é a que fazem com recurso a jornais. Ou ainda a coreografia de carrinhos de supermercado que nos remete para o ballet clássico. Há números visualmente bastante interessantes como a “orquestra” luminosa de isqueiros a acender e apagar ou o ensemble acrobático de tachos e panelas que é tocado através de artistas em suspensão.
Mesmo que já tenha visto os Stomp, numa das suas inúmeras passagens pelo país, vai voltar a surpreender-se com a energia destes artistas. É imperdível para quem nunca assistiu e no final, há tempo para experimentar ritmos com mãos e pés.
Os Stomp atuam no Centro Cultural de Belém até ao dia 17 de abril com sessões diárias às 21h00 e às 16h00 no sábado e domingo. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam entre 15 e 45 euros.
