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Stoned Jesus E Mars Red Sky Incendeiam Lisboa Com Noite De Rock Psicadélico E Doom

Reportagem de Diana Silva (fotografia) e João Barroso (texto)

Stoned Jesus

A última noite ficou marcada pelo regresso dos Stoned Jesus a Portugal, para celebrar 15 anos de carreira e apresentar o seu mais recente trabalho, o Father Light, editado há um ano, em março de 2023.

Ao final da tarde, as duas margens da Marechal Gomes da Costa já se viam inundadas por t-shirts alusivas a sonoridades stonerpsych e doom. Afinal, para além da formação ucraniana, o cardápio preparado pela Prime Artists incluía os franceses Mars Red Sky como aperitivo.

O conjunto de Bordéus, terra conhecida pelos seus vinhos, abriu as hostilidades com “Collector” e ofereceu-nos tonalidades mais psicadélicas, para além do stoner e doom que reinariam ao longo da noite. Também a formação gaulesa tem um álbum recentemente forjado, o Dawn of the Dusk, pelo que aproveitou para nos apresentar alguns desses novos temas, sendo que a sua apresentação percorreria todo o portfólio musical da banda, desaguando na muito aplaudida “Strong Reflection”, malha editada com o registo de estreia, o homónimo Mars Red Sky, de 2011.

Uma performance equilibrada, neste regresso a solo lusitano, e o apetizer ideal para o que se seguiria.

Passavam largos minutos das 22h00, quando os Stoned Jesus subiram ao palco do Lisboa ao Vivo.

A banda, natural de Kyiv, tem vivido sobre o jugo da guerra e, por isso mesmo, experimentado naturais dificuldades em atuar fora do seu país. Talvez por isso, a malha de abertura tenha sido “Bright Like the Morning”. Uma espécie de catarse, tendo em conta tudo o que o conjunto ucraniano tem passado, ao longo dos últimos dois anos. O tema, um dos mais tocados ao vivo pelos Stoned Jesus, ao longo de década e meia de estrada, faz parte do álbum Seven Thunders Roar, disco lançado em março de 2012 e, ainda hoje, um dos favoritos dos fãs.

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Depois de um “good night, Lissabon!”, oferecido por Igor Sidorenko, vocalista, guitarrista e líder espiritual dos Stoned Jesus, embarcámos em Father Light, o nóvel registo dos ucranianos. Escutámos “Porcelain”, malha que deixa bem evidente a importância da secção rítmica da banda, ou não estivéssemos a navegar a onda Stoner, e que serviu para apresentar, da melhor maneira, os novos elementos que a integram: o baixista Andrew Rodin e o baterista Yurii Kononov, ambos antigos elementos de White Ward, banda de Experimental/Post-Black Metal, originária da muy dizimada cidade de Odessa.

Igor agradece, refere-se ao 15º aniversário do grupo, promete uma viagem por temas antigos, para além de músicas mais recentes, e pede escuridão total na sala, “total darkness“, mesmo antes de se ouvirem os primeiros acordes de “Thessalia”, uma das canções que integram o disco Pilgrims, de 2018. Uma obra diferente, mais melancólica, quiçá, composta na altura em que Igor acabara de perder o pai.

Entretanto, regressamos a Father Light, ao som de “Thoughts and Prayers”, e damos um salto até First Communion, álbum de estreia dos Stoned Jesus, lançado em 2010. Ouviu-se “Black Woods”, malha que nos transportou para um cenário mais doom, incluindo uma excelente performance vocal do baixista Andrew, não sem que, antes, se tivessem ouvido alguns riffs de “Alma Mater”, de Moonspell: “I don’t know if you recognize this…”, questiona Igor.

Seguiu-se um momento inusitado: leilão, em palco, de uma edição especial do disco Seven Thunders Roar. Se não estivermos errados, a maior licitação foi de 110 euros. O felizardo recebeu o LP, naquele instante, ficando de pagar o valor respetivo na zona de merchandising, no final do espetáculo.

Nisto, soam os primeiros acordes de “I’m the Mountain”. Provavelmente, o momento mais esperado pela maioria dos fãs. Ou certamente, avaliando pela forma como banda e público se fundiram, como se de um só corpo se tratasse, na altura de cantar as palavras mágicas: “I am the mountain”. A versão original da música tem mais de 16 minutos, mas não sabemos quanto tempo durou esta. Ninguém sabe. O Lisboa ao Vivo deixou-se imergir nas águas daquela montanha e só acordou quando soou a última nota.

Novos agradecimentos se fizeram ouvir, incluindo um “obrigado” com a melhor das pronúncias, até que Igor anunciou “Get What You Deserve”, mais um tema novo, como sendo a última música da noite. Não seria.

Havia espaço para o epílogo.

encore conduziu-nos até ao disco The Harvest, o único pelo qual ainda não havíamos passado (escutou-se “Here Come the Robots”), sendo que, para o final, estava marcado regresso ao muito aclamado ‘Seven Thunders Roar’, com “Electric Mistress”, numa versão um pouco diferente da original e com Igor Sidorenko a servir de maestro, enquanto o público cantava, a capella.

Bem longe de Palm Desert, na Califórnia, região onde terá surgido o Desert/Stoner Rock, a noite lisboeta mostrou que este género não tem pátria. Seja na Ucrânia, França ou Portugal, mesmo que impere o frio, é do calor das guitarras, do peso do baixo e da cadência da bateria que nasce a música.

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