A margem sul do Tejo recebe entre 2 e 6 de abril, a primeira edição do SUL – Festival Internacional de Artes Performativas. O evento, organizado pela Companhia de Teatro Hotel Europa, decorre nas freguesias da Costa da Caparica e da Trafaria e aposta na visibilidade de artistas que trabalham a partir de situações reais, com enfoque no teatro documental e em metodologias que exploram temas estruturais da sociedade contemporânea.
O festival assume-se como um espaço de reflexão, aprendizagem e debate sobre questões como a memória coletiva, a democracia, o colonialismo e a resistência ao fascismo e ao totalitarismo. A programação inclui teatro, dança, visitas guiadas, conversas, concertos e workshops, num ambiente de partilha e envolvimento com a comunidade local.
Uma Programação Diversificada
O arranque do festival acontece a 2 de abril, na Escola Básica Cardoso Pires (Costa da Caparica), com o espetáculo para famílias Manda os teus Pais Passear, outra vez, do Teatro Experimental do Porto. A peça desafia pequenos e graúdos a observar o espaço urbano de forma mais atenta e envolvente.
No dia 3 de abril, chega aos Recreios Desportivos da Trafaria (Casino) Antiwords, da companhia checa Spitfire Company. Inspirado no universo de Václav Havel, esta criação de teatro físico apresenta duas atrizes, uma grade de cerveja checa e máscaras de grandes dimensões, num espetáculo premiado que já passou por Berlim, Nova Iorque, Londres e Pequim.
A 4 de abril, no mesmo local, é apresentado Desver – Uma Breve Performance sobre Um País Ocupado por Outro, de Joana Craveiro/Teatro do Vestido, uma reflexão sobre a questão palestiniana, baseada em recolhas documentais e testemunhos.
No dia 5 de abril, o festival promove uma visita/conversa à Base da NATO na Fonte da Telha, guiada por Isabel do Carmo, co-fundadora das Brigadas Revolucionárias, para revisitar a primeira ação armada do movimento, em 1971. Ainda neste dia, no Auditório Costa da Caparica, a angolana Marisa Paulo apresenta Fragmentos, espetáculo de dança construído a partir de entrevistas a mulheres negras da diáspora.
O festival encerra a 6 de abril com Portugal Não é Um País Pequeno, produção da Hotel Europa já apresentada em diversos países. O espetáculo reconstrói a história do colonialismo português através de testemunhos de antigos colonos e retornados.
Além das performances teatrais, a programação inclui concertos de Joana Guerra, Mbalango, Pedro Salvador e um DJ set de Nelson Makossa. O evento terá ainda uma componente formativa, com um workshop de Teatro Documental e um workshop de Mbira.
O festival oferece entrada gratuita, mas as inscrições são obrigatórias e sujeitas à lotação dos espaços. O programa pode sofrer alterações e está disponível aqui.
