Um grande fim de semana musical chega ao fim. Na sexta-feira, dia 1, tivemos o lançamento do disco novo dos Toxikull. Sábado, dia 2, a passagem dos Therion e no dia seguinte, domingo dia 3, a estreia em Lisboa, em nome próprio, dos The Pineapple Thief.
Na primeira parte outro grande músico Randy McStine.
O músico inglês que já colaborou em diversos super grupos é um nome conhecido dos apreciadores do prog rock.
Com vários discos a solo e colaborações, que incluem os excelentes McStine & Minnemann 1 e 2, com Marco Minemann, lançados em 2020 e 2021.
Tornou-se o guitarrista ao vivo dos Porcupine Tree na tournée que a banda fez do seu mais recente disco Closure/ Continuation.
Só por aqui já se pode perceber que estamos perante um músico acima da média, mas que nos trouxe um set demasiado pequeno para o que se ansiava dele.
De início uma improvisação com sintetizadores que simularam um ambiente aquático, banhado com luz azul e sons que lembravam baleias, criou uma paisagem sónica que nos levaram a “Before”.
A canção foi despida para uma guitarra acústica e elementos eletrónicos, conduzidos com mestria por McStine, que demonstrou a sua excelente qualidade vocal.
Seguiu-se “Who to Avoid”, do mesmo disco, Idle de 2020, como o nome indica uma música que fala de separações, mas que nos consegue dar um sentimento positivo da aprendizagem que vem da turbulência.
Agradeceu ao público por não terem ficado a ver o jogo de futebol, falou do merchandising e arrancou para “Activate” do seu primeiro disco com Marco Minemann.
Aqui o público já bateu palmas, apesar da dificuldade, “conseguem bater palmas em 7?” perguntava, a nossa resposta foi “claro que sim”.
Ficou a vontade de os ver juntos em palco.
“Big Wave” em versão estendida, encerrou o concerto que deixou o público rendido. No final a fila dos que o queriam ver e comprar coisas era grande. Soube a muito pouco.
The Pineapple Thief
Eram 21h20 quando os The Pineapple Thief entraram no palco.
A banda inglesa formada em 1999 por Bruce Soord, começou como projeto a solo, mas rapidamente foi integrando mais elementos.
O álbum de 2007 What we have sown colocou-os no mapa do prog rock. As influências de alt-rock e psicadelismo são evidentes na sua música e já contam com 16 discos lançados.
Em 2016, seguindo a gravação do “Your wilderness”, renasceram para a sua formação atual. Convenceram o baterista Gavin Harrison a juntar-se definitivamente à banda.
Gavin, conhecido como um dos grandes bateristas da atualidade que toca em bandas lendárias como os King Crimson ou os Porcupine Tree, conseguiu criar uma dinâmica diferente na banda, de tal maneira, que em 2022, foram regravar o disco Give it Back porque “soava diferente”.
Chegaram finalmente a Lisboa, em nome próprio, após uma passagem em 2011 por Braga.
Um desgrenhado Bruce Soord entrou em palco, pronto para exorcizar as nossas angústias amorosas e inseguranças emocionais.
“Demons” abriu o concerto com um som perfeito, excelente voz e som muito nítido de todos os instrumentos.
“Put it right”, “Our mire”, “Every trace fo us” foram sendo tocadas. A música dos The Pineapple Thief não é explosiva, é feita de momentos calmos introspetivos mas ganha algum peso ao vivo, nas partes com distorção, o que acrescenta dinâmica que só é experienciada em concerto.
O público expressa-se após cada canção com muitas palmas, mas durante as músicas estamos num silêncio contemplativo e imersivo.
“All that’s left” quebrou esta contemplação, onde lá houve palmas a acompanhar graças ao seu riff distorcido.
As harmonias com o baixista Jon Sykes são imaculadas. “Final thing on my mind” terminou a primeira parte.
Como encore, tivemos um momento de contrição por parte de Bruce Soord, que confessou que, apesar de tocar com ele há 20 anos, nunca tinha apresentado o teclista Steve Kitch. É o que dá estar lá atrás, acaba por ser esquecido.
“In Exile” foi o ponto mais alto de um concerto que terminou com “Alone at sea”. Quem foi assistiu a um excelente concerto de prog rock de uma banda que deveria ser mais conhecida.
Indicada para quem gosta de Radiohead, Nick Drake ou Katatonia, é uma banda que, apesar deste anos todos de existência, continua à espera que a descubram para que da próxima vez, que será para breve, segundo indicações do próprio Bruce, seja numa sala ainda maior.
