As Jornadas Musicais da Juventude arrancaram esta quarta-feira a Sudoeste. A celebrar a sua 25ª edição, o festival continua a reorientar o seu cartaz para a faixa etária que nasceu antes da primeira edição. De tal forma que quando Tim, dos Xutos & Pontapés perguntou quem é que estava a assistir a um concerto desta banda portuguesa pela primeira vez, havia uma clara maioria de braços no ar.
O pórtico, com o logo do naming sponsor marca a entrada do recinto e à noite, não passa despercebido, com os três focos de luz apontados para o céu. À porta, há uma arrumação algo caótica de veículos, cobertos ainda e apenas por uma fina camada de poeira, das primeiras horas.
Quem foi ao Festival Sudoeste nas primeiras edições, quando pela primeira vez, se generalizou o uso improvisado de máscaras respiratórias, abre os olhos de espanto perante o cenário atual.
A dieta forçada de cachorros quentes do final dos anos 90 deu lugar a um diversificado menu. Há opções de refeições, deste o tradicional hamburguer ou kebab a opções vegetarianas e gourmet.
Um recanto do recinto destaca-se pelo movimento e contornos luminosos da roda gigante e restantes atrações de feira de diversões.
Nas laterais o apelo ao consumo faz-se em módulos de dois andares. Stands de marcas, que vão da moda à musica, procuram vincar hábitos de consumo nesta geração.
Há ainda aqueles cenários com vibes de Coachella, onde todos querem tirar uma fotografia. O que antigamente era considerado registo para a posterioridade, hoje constitui uma etapa importante na construção da personalidade e do ranking de popularidade.

Com três palcos a funcionar a partir do final da tarde, o festival Sudoeste garante animação aos que escolheram estas Jornadas Nacionais da Música.
Cada atuação tem a duração de cerca de uma hora. Uma solução eficaz para dar resposta a uma geração habituada ao consumo rápido.
A tarde começou com um wake up call à nova geração, com Lon3r Johny. Uma mistura trap, rock e pop faz deste artista um dos ídolos da nova geração. “JOHNY fica comigo e deixa de ser LON3R” lia-se num dos cartazes levantados no meio do público. Antigas técnicas de comunicação que voltaram a estar na moda!
Seguiu-se Giulia Be, com uma atuação feita de muitos momentos de dança, cujo sucesso continua associado ao tema “Menina Solta”.
Este primeiro dia de festival Sudoeste teve alguns momentos de rock, bastante aplaudidos pelos mais velhos que circulavam no recinto. Hybrid Theory são uma banda portuguesa de tributo à banda norte-americana Linkin Park. Este grupo de Lagos, no Algarve, tem vindo a esgotar concertos um pouco por todo o mundo, tendo mesmo esgotado recentemente a maior sala de espetáculos em Portugal, a Altice Arena.
Trouxeram a sua energia contagiante ao Sudoeste Alentejano, com conhecidos temas como “Crawling”, “In the end” ou “Bleed It Out”.
Seguiu-se Niall Horan, antigo membro da banda One Direction, que continuou a carreira a solo nos trilhos da pop. Mantém o ar de menino e as canções fáceis caíram bem nesta primeira noite de festival de verão.
Sempre muito comunicativo, referiu logo no início do concerto que era “um prazer estar aqui!”. “On a Night Like Tonight” foi um dos temas que fez levantar os telemóveis no ar. O coro foi reforçado em “Story of My Life”. Confessou como lhe parecia estranho estar num sitio assim, “no meio do nada”.
Os mais velhos juntaram-se ao coro de vozes em “Everybody Wants to Rule the World”, a cover dos Tears for Fears. O cantor despediu-se com “Save My Life”, “Meltdown” e “Slow Hands”. Um sucesso para o público feminino com a sua voz doce e carisma juvenil. Por esta hora, o público masculino estava preso aos ecrãs. Acompanhava o jogo de futebol (Benfica vs Porto).
Durante o intervalo destas atuações, no palco principal o público foi brindado com um espetáculo de luzes com drones. “Bem Vindos à Tribo” foi a mensagem de abertura, seguida de um desfilar de emoções em forma de emojis, a que os drones conseguem dar um formato 3D.
Se os mais velhos quiseram ir um dia com os filhos ao festival Sudoeste, escolheram a primeira noite, marcada pelos regresso dos Xutos & Pontapés ao palco onde atuaram na primeira edição.
A banda apresentou um concerto, feito na extensão do 35 aniversário de Circo de Feras. Trouxeram toda a componente visual de um espetáculo que estreou em novembro de 2022.
Arrancaram com “Esquadrão da Morte” e “1º de Agosto”. Na primeira intervenção da noite, Tim avança com a humildade “Aqui Xutos & Pontapés” ciente de que está a tocar perante um público que não será propriamente o seu.
Continua com “Fim do Mês” e “Chuva Dissolvente”. A bateria avança na introdução de “Remar, Remar” que já é cantada por alguns.
O momento inédito chega de seguida. Tim esquece-se de parte da letra de “Contentores” e deixa os músicos a tocar, para lhe voltar a pegar no refrão. Termina a rir e admite a falha “Até me fizeram esquecer a letra!”.
São uma verdadeira instituição nacional, a sobreviver à perda de um elemento essencial, o guitarrista Zé Pedro, relembrado esta noite, em especial, com o tema “Não Sou o Único”. Segue-se “Circo de Feras” e o entusiasmo de Tim no final é suficiente para se por aos saltos com o público a cantar “Olé Sudoeste, Olé”.
“Vamos descansar, parece que há por aí um pai ou outro”, diz Tim, em jeito de aviso de que precisam de uma pausa para recuperar o fôlego. Tocam a última música que gravaram ainda com Zé Pedro “Mar de Outono”.
As luzes acendem-se nos telemóveis e iluminam o recinto e lançam também um apelo contra a guerra.
Findo o descanso, avisam os mais distraídos que são “uma banda de rock e foi para isso que cá viemos”. Os riffs acomodam “Quem é quem”.
“A Minha Maneira” é o tema que une pais e filhos e apresentam de seguida um “tema acabadinho de fazer”. Trata-se do hino de apoio à seleção nacional de raguebi, que irá em breve enfrentar aqueles que são os seus herois. Antes ainda, ensaia o coro de “Somos Lobos” para que o público acompanhe.
Com o tempo contado, fala da avó, que nasceu numa casa muito perto do recinto, no Monte do Sardanito. Apresenta o legado mais importante que a avó lhe deixou: “foi ela quem me ensinou esta música”: “A Minha Casinha”. A fechar com pirotecnia.
Pedidos insistentes, fizeram-nos voltar para um momento especial: uma versão acústica de “Homem do Leme”. “E uma vontade de ir, correr o mundo e partir, a vida é sempre a perder…”.
Os mais velhos saíram e chegou a nova geração para o seu momento da noite, com um dos artistas com “passe frequente” para o festival: David Guetta.
Fomos tendo pirotécnica e focos de luz ao longo da noite, mas o espetáculo ganhou amplitude com a entrada do conhecido DJ. Fogo cruzado com leds, efeitos luminosos nos ecrãs e um maestro na consola central. Abriu com “I’m Good (Blue)”, um dos mais recentes singles e êxito estrondoso.
O publico acompanhou aos saltos, a dançar, de braços no ar. A atuação estendeu-se por mais de uma hora, passou por “Baby Don’t Hurt Me” e o mais recente “One in a Million” e voltou a “I’m Good (Blue)”, tema com que fechou às 3h45 da manhã.
Esta quinta feira o Festival Sudoeste vai contar com as atuações de Blacci (18h15), Edgar Domingos (19h50), Supa Squad (21h40), Kriol Kings (18h55), Ludmilla (20h45), Farruko (22h35), Bizarrap (00h20), Dennis (02h20), Red Bull Francamente (23h30), Rony Fuego (01h30) e I Love Baile Funk (03h00).
Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais e custam a partir de 130 euros (passe geral com camping) ou 65 euros (bilhete diário).