Um demónio (ou será um anjo? um monstro?) surge no meio da escuridão e apresenta-se … dirige-se a nós – os espetadores, e convida-nos a acompanhá-lo numa viagem de quase duas horas pela vida de um grupo de mulheres, cinco amigas, cinco prostitutas (já com alguma idade).
Madame, Úrsula, Lili, Vera e Eva são as cinco personagens que vamos conhecer e acompanhar nos últimos tempos da sua vida, brilhantemente interpretadas por cinco veteranas e grandes atrizes, a guiar-nos nesta viagem vai estar M, a partir de hoje, no Teatro Armando Cortez, em Lisboa.
A peça, é da autoria de Paula Vogel, e foi adaptada e encenada por Hélder Gamboa, que respondeu assim a um desafio de Júlia Pinheiro, segundo nos contou no ensaio geral. “A Júlia queria muito fazer teatro, e queria uma peça com significado, e com papéis para a idade dela, e então lembrámo-nos desta peça”, um projeto que demorou dois anos a preparar e a levar a palco.
Para fazer companhia à veterana comunicadora, que interpreta a Madame, foram escolhidas quatro conhecidas e grandes atrizes: Helena Isabel – Eva, Paula Guedes – Úrsula, Paula Mora – Lili e Valerie Braddell – Vera, e ainda um ator, cujo papel foi escrito especialmente para ele e que não existe na peça original – Heitor Lourenço.
A acção decorre na década de 80, do século XX, numa qualquer cidade (a estória original tem lugar em Nova Iorque, mas pode ser Amesterdão ou Lisboa), e conta-nos as alegrias e tristezas, doçuras e agruras de cinco prostitutas, já com uma idade avançada. Medos, sonhos e ambições, e o momento da sua partida.
Esta é uma peça com uma mensagem muito forte do ponto de vista humanitário e social, e que chama sobretudo à atenção para a fragilidade humana, faz-nos rir, mas também pensar e refletir. Um desafio que as atrizes e o ator que nela participam abraçaram com muita alegria e entusiasmo, como nos partilharam aquando o ensaio geral.
Paula Mora, que sobe pela primeira vez ao palco do Teatro Armando Cortez, confessou “Estar muito contente, porque adora fazer teatro”, um sentimento também partilhado pela veterana das telenovelas Helena Isabel, que nos disse : “Eu adoro fazer teatro, o contato com o público, é um regresso a um género que adoro fazer, afinal foi no teatro que comecei”, ela que até chega a cantar em palco – “Um sonho antigo, cantar em teatro”.
Uma das grandes surpresas desta peça é Júlia Pinheiro, a causadora desta reunião, “que se sente muito feliz neste novo desafio e muito bem acolhida pelo grupo, afinal ela é uma “novata” que vem da comunicação”, segundo nos confidenciou.
Destaque ainda para o terrífico “M”, que nos vai guiando ao longo da peça, e fazendo a ligação entre mundos. Uma personagem criada especialmente para Heitor Lourenço, que foi buscar a sua inspiração a “LULU” (de 18929, do dramaturgo Frank Wedekind.
Uma peça com excelentes interpretações e uma mensagem muito importante, sobre a condição humana. Que vale muito a pena ver e refletir.
A direcção de atores e assistência de encenação foi de Ângela Pinto e a produção executiva de Miguel Manaças da Tenda Produções.
A peça, é para maiores de 14 anos, e vai estar em cena no Teatro Armando Cortez de 19 de fevereiro até 11 de março, às quartas, quintas, sextas e sábado às 21h00, e domingo às 18h00. Os bilhetes estão à venda no local e online e custam 22 euros.
