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Benson Boone Roubou A Coroa, Olivia Rodrigo Partilhou O Diário: O NOS Alive Abriu Em Modo Catarse Pop

Reportagem de Tânia Fernandes (texto) e António Silva (fotografia)

Benson Boone

O festival NOS Alive abriu ontem portas no Passeio Marítimo de Algés. Parecia um recreio gigante e a culpa, ou o mérito, foi da estrela pop Olivia Rodrigo, que trouxe o seu exército de fãs fiéis. Algumas eram tão jovens que ainda não tinham idade para compreender o que é uma desilusão amorosa, mas ainda assim encontram consolo nas suas baladas feitas para corações partidos e emoções à flor da pele.

Mas foi outro nome que roubou todas as atenções. Benson Boone, pela primeira vez em Portugal, transformou o seu concerto numa coroação. Sim, foi a noite em que nasceu um novo rei da música pop em Portugal. Saltou, dançou, fez acrobacias e, acima de tudo, conquistou novos admiradores. Toda a gente sabia as letras, toda a gente cantou com ele, desde os adolescentes até aos pais que os acompanharam. Apresentava o seu novo disco, American Heart, lançado há apenas duas semanas, e parecia já ter conquistado o mundo. Ali, naquele momento, o palco era dele. E Portugal também.

Olivia Rodrigo: diário pop cheio de emoções e confettis

Por volta das 23h15, o palco principal do NOS Alive recebeu uma das maiores estrelas pop da atualidade: Olivia Rodrigo. Aos 22 anos, a cantora norte-americana protagonizou um dos concertos mais aguardados do festival. Soube mostrar vulnerabilidade, mas também uma raiva juvenil que se traduziu numa forte comunhão com o público. Foi um regresso a Portugal recebido de braços abertos.

Logo nos primeiros acordes de “obsessed”, o público vibrou em uníssono. Com uma presença em palco confiante, rodeada por uma banda composta inteiramente por mulheres, Olivia lançou-se num alinhamento que cruzou os dois discos da sua curta, mas já impressionante carreira: Sour (2021) e Guts (2023).

Olivia Rodrigo © Hugo Macedo/ NOS Alive

Depois de “ballad of a homeschooled girl” e do mega êxito “vampire”, Olivia dirigiu-se ao público com um sorriso rasgado:
“É tão bom estar de volta! Cantem o mais alto que conseguirem” disse, visivelmente emocionada com a receção calorosa. A mensagem foi recebida com entusiasmo, e milhares de vozes acompanharam a artista em “drivers license”, o tema que a catapultou para o estrelato global há apenas quatro anos.

O alinhamento seguiu com uma alternância eficaz entre as faixas mais íntimas e os hinos do seu repertório. De “traitor” e “bad idea right?” até “love is embarrassing”, “pretty isn’t pretty” e “happier”, Olivia mostrou uma versatilidade vocal impressionante. Em “enough for you”, interpretada no final da passarela, bem próximo do público, criou um momento íntimo, quase acústico, que contrastou com a intensidade rock que se seguiu.

O concerto ganhou novo fôlego com “so american” e uma sequência instrumental que antecedeu “jealousy, jealousy”, momento em que apresentou a banda, desceu ao fosso para cumprimentar os fãs.

A reta final foi uma montanha-russa de emoções, com “favorite crime” e “deja vu” a prepararem terreno para um encore em grande.

O encore arrancou com “brutal”, numa versão que transbordou energia juvenil, seguida de “all-american bitch”, onde Olivia deu tudo em palco.

A fechar, “good 4 u” e “get him back!”, esta última com uma encenação visual de impacto: Olivia surgiu numa plataforma a segurar um megafone com o qual incitou o público a cantar com ela, numa apoteose final de guitarras, luzes e confettis que choveram sobre os milhares de fãs rendidos.

As acrobacias artísticas de Benson Boone

Benson Boone deixou ontem o Passeio Marítimo de Algés em estado de euforia. A nova estrela da pop mundial subiu ao palco do NOS Alive ao início da noite e entregou um concerto memorável, marcado por energia, acrobacias inesperadas e uma relação emocional intensa com o público português.

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O espetáculo começou às 20h00 com uma entrada de cortar a respiração: ao som de “Sorry I’m Here for Someone Else”, Boone fez o primeiro de vários mortais no palco, captando de imediato a atenção de milhares de festivaleiros. Seguiu-se “I Wanna Be the One You Call”, e foi entre músicas, que o cantor partilhou o entusiasmo por estar em Portugal:
“É um prazer e uma honra estar aqui. Estive quatro dias de folga e este sítio é lindo. A todo o lado onde vou, as pessoas dizem ‘obrigado, obrigado, obrigado’. São todas tão simpáticas. Vou querer voltar.”

Num tom descontraído, confessou ainda um pequeno percalço:
“Tinha um outfit preparado para hoje, que abria no peito. Mas ontem fui à praia, deitei-me meia hora ao sol e apanhei um escaldão. Pareço uma lagosta.”

“Drunk in My Mind “surgiu como uma catarse, dedicada às pessoas que “todos já odiámos em algum momento da vida”. Depois, em “There She Goes e Slow It Down”, Boone voltou a surpreender com mais um mortal em palco, provando que a sua entrega vai muito além da voz.

Com o álbum American Heart lançado há apenas duas semanas, o cantor trouxe novas canções ao alinhamento. Destacou “Mr. Electric Blue”, uma homenagem sentida ao pai, que contrastou com o frenesim de “Mystical Magical”, momento em que correu pelas duas laterais do palco, arrancando gritos entusiasmados da multidão.

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Seguiu-se “Man in Me”, que antecedeu um dos pontos altos da noite. Boone pediu ao público que baixasse os telemóveis para criar um momento íntimo com” In the Stars”, música interpretou ao piano e que descreveu como sendo tanto dele como dos fãs:
“Quando perdemos alguém, é duro. Esta canção é sobre a minha vida, mas quando vocês a ouvem, torna-se vossa. Penso que toda a gente, em algum momento da vida, vai sentir isto.”
No final da interpretação, visivelmente emocionado, agradeceu:
“Foi a atuação mais sem telemóveis a que assisti em festivais.”

“Momma Song” e Take Me Home” prolongaram a atmosfera de festa, com o refrão adaptado a Portugal: “Oh Portugal, won’t you take me home”.

Já na reta final, “Pretty Slowly”, “Young American Heart” e “Cry” prepararam o terreno para a despedida.
Boone explicou que “Young American Heart”  foi a música que inspirou o novo álbum e aproveitou para agradecer o apoio que tem recebido nesta fase ascendente da carreira.

Mas foi com “Beautiful Things” que o concerto terminou, um verdadeiro hino, cantado em uníssono por um público rendido. Benson Boone encerrou o espetáculo em apoteose, consolidando o estatuto de fenómeno global e prometendo, com emoção, regressar. Antes de sair de cena, desceu ao fosso e percorreu todo o espaço, em modo de corrida, mas ainda com tempo para deixar autógrafos.

Mark Ambor e Noah Kahan: o folk-pop de alma lavada

Se Benson Boone nos tinha deixado com o coração ao alto e a garganta embargada, com o que se passou antes e o que veio a tempestade emocional não acalmou. Pelo contrário: Mark Ambor, ainda com o sol a bater obliquamente no recinto, e Noah Kahan, já com a noite a pousar nos ombros do público, vieram confirmar que não estamos perante um fenómeno isolado, mas diante de uma nova escola de folk-pop emocionalmente explícito e esteticamente coeso. Três jovens cantautores americanos que transformam vulnerabilidade em matéria-prima e a servem com polimento pop e alma a descoberto. Cada um com a sua assinatura, é certo, mas todos a compor, sem saber, uma espécie de tríptico sentimental para uma geração que se habituou a chorar ao som do TikTok.

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Mark Ambor abriu a tarde com a leveza e o brilho que tão bem o caracterizam. Vem de Nova Iorque e tem um percurso feito a pulso, a gravar tudo em casa, a compor com a paciência de quem constrói algo duradouro. Ambor trouxe ao palco uma pop doce, quase artesanal, que fala de tristeza com uma luz própria.

O seu concerto foi uma lufada de ar fresco, perfeito para preparar o público para a intensidade que viria a seguir. Há em Mark Ambor uma sinceridade discreta, que se entranha devagar, mas que deixa rasto. As suas canções pegam-se como autocolantes de infância, simples, mas cheias de significado. Deixou todos a cantar “Belong Together”.

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Depois, Benson Boone mostrou que a emoção podia ser amplificada. Se Ambor sussurra com esperança, Boone grita com o coração nas mãos.

Já com a noite a cair, Noah Kahan encerrou este percurso emocional com um concerto que foi mais contemplativo. O autor de Stick Season chegou com o peso de quem traz multidões às costas, e não desiludiu. Kahan foi o mais folk dos três, com banjos, acústicas e letras cruas sobre isolamento, saúde mental e raízes. A sua música respira. E respira fundo. Se Boone é tempestade e Ambor é céu limpo depois da chuva, Kahan é a paisagem que se contempla quando tudo acalma.

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Esta sucessão de concertos no mesmo palco, num curto intervalo de horas, não parece acaso. Há entre Mark Ambor, Benson Boone e Noah Kahan uma corrente estética e emocional clara. Todos têm menos de 30 anos. Todos começaram a dar nas vistas nas plataformas digitais. Todos cantam sobre dúvidas, perdas e descobertas com uma honestidade desarmante. A canção como espelho. A voz como bússola. A melodia como abrigo.

São cronistas emocionais de uma geração que quer sentir intensamente. E ontem, no NOS Alive, isso foi evidente. E Lisboa ouviu-as com o coração aberto.

No meio desta programação tão forte, conseguimos ir espreitar…

O cartaz estava repleto de nomes sonantes e propostas irresistíveis, mas entre correrias entre palcos e decisões difíceis, conseguimos assistir a alguns concertos que merecem destaque,  pela originalidade, pela energia, ou simplesmente pela surpresa.

17h00 – Mão Cabeça no Clubbing

Mão Cabeça subiram ao palco Clubbing do NOS Alive ainda o sol mal tinha aquecido o asfalto de Algés, e mesmo assim trouxeram lume. Há bandas que se notam pelo volume, outras pela pose. Estes quatro elementos, André Boa-Nova, Gonçalo Gil, Frederico Nogueira e Pedro Castro destacam-se pela atitude comedida. Não gritam, não pedem atenção, mas obrigam a escutar. Vieram de Loures e Odivelas, lugares pouco dados ao romantismo pop, mas onde a amizade e o compromisso com a música criaram raízes longas.

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Lançaram este ano o EP Mão Quente, o EP, que aqui deram a conhecer. As letras surgem meio sussurradas, meio cuspidas, num combate constante entre o íntimo e o grotesco. O público, ainda a chegar ao recinto, hesitou no início mas acabou por entrar na mesma frequência.

17h00 – Green Leather no Palco Heineken
Ao mesmo tempo, no palco Heineken, ficámos a conhecer mais um nome da nova geração de rock nacional: Green Leather. Uma energia crua e contagiante, entre o rock psicadélico e uma atitude punk.
Formado por cinco amigos lisboetas em 2018, este projeto tem vindo a conquistar palcos e público. O nome pode remeter para algo vintage, mas a música é tudo menos nostálgica. É viva, visceral e atual.

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O público, ainda a aquecer motores, não resistiu ao groove e às guitarras distorcidas que marcaram o tom para o resto da noite.

20h30 – Barry Can’t Swim no palco Heineken
Com o cair da noite, chegou a vez de Barry Can’t Swim, um dos nomes da nova geração da electrónica britânica. O produtor escocês transformou o palco Heineken numa pista de dança ao ar livre, com um set melódico, dinâmico e cheio de alma.

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A fusão entre house, jazz e ritmos orgânicos resultou num concerto alegre e absolutamente dançável. Um momento de comunhão com os olhos postos no céu a escurecer.

22h15 – Glass Animals no palco Heineken
Um dos pontos altos do dia foi, sem dúvida, o concerto dos Glass Animals.  “Heat Waves” foi cantada em uníssono por milhares de vozes, num dos momentos mais emocionantes da noite.

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Com um novo disco intitulado I Love You So F**cking Much*, com lançamento marcado para 19 de julho de 2025, a banda aproveitou para dar a conhecer aqui os novos temas. “Creatures in Heaven” é um dos primeiros vislumbres do novo projeto, que aqui pudemos ouvir ao vivo.

23h15 – Noise Dolls Club no Coreto
Depois da explosão de energia no palco Heineken, seguimos para o Coreto, onde as Noise Dolls Club ofereciam uma proposta bem diferente.

O projeto musical é composto por duas DJs, conhecidas como Doll#P (origem nas Legendary Pink DJs) e Doll#S (baixista das Anarchicks). Com uma sonoridade entre o indie electrónico e o experimentalismo retro, este coletivo soube criar um ambiente imersivo e descontraído. O Coreto, muitas vezes esquecido, revelou-se o palco ideal para este tipo de experiência mais íntima e alternativa.

00h05 – Parov Stelar no Heineken
Para encerrar a noite em grande, Parov Stelar tomou conta do palco Heineken com a sua inconfundível fusão de electro swing, jazz e house.

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Foi impossível não dançar. Com uma banda ao vivo irrepreensível e uma produção cheia de luz, ritmo e charme vintage, o austríaco ofereceu um espetáculo visual e sonoro contagiante.

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Um verdadeiro festim para os sentidos, que fez esquecer o cansaço acumulado e pôs toda a gente a mexer até à última batida.

Esta sexta feira, 11 de julho de 2025, estão confirmadas as seguintes atuações:
Palco NOS: Anyma; Justice; Girl in Red; The Wombats
Palco Heineken: FINNEAS; Sammy Virji; Mother Mother; Alta Avenue; The Teskey Brothers; St. Vincent; The Backseat Lovers
Palco WTF Clubbing: Von Di; Logic1000; DJ Boring; Mike11; Máximo; Macacos do Chinês; Klin Klop; Capicua
Palco Coreto: Herlander, Saint Caboclo, Mallina, Zarco, Marianne
Galp Fado Café: Luísa Amaro “Centenário Carlos Paredes”, Sérgio Onze, O Samba É 1 Só
Palco Comédia: Host David Cristina; Luís Franco Bastos; Guilherme Fonseca; Vasco Elvas; Carlos Contente; Mário Falcão; Laura

Ainda há bilhetes à venda, nos locais habituais: Bilhete diário (11 ou 12 de julho): 84 euros cada; Passe 2 dias (11 + 12 de julho): 168 euros.

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