A segunda noite de Marés Vivas foi feita em português, com o desfecho triunfal de Thirty Seconds To Mars. Até lá, Miguel Araújo e os Quatro e Meia, Nena e Joana Almirante e Luís Trigacheiro e Buba Espinho subiram ao palco para um recinto completamente esgotado.
Gonçalo Malafaya abriu o festival no Palco Moche, para uma plateia quase recheada de amigos, família e curiosos, que vieram ouvir o artista portuense e as suas músicas. Sozinho em palco, Gonçalo saltitava da guitarra ao piano, demonstrando o seu sotaque e a visível inspiração em Rui Veloso.
Para estrear o palco principal, este sábado, estiveram os alentejanos Luís Trigacheiro e Buba Espinho que, sentados nas suas cadeiras, como se estivessem numa esplanada ou em casa com amigos, cantaram e encantaram o público do Marés Vivas. Durante o concerto, trouxeram um amigo, João Direitinho, dos ÁTOA, que, ainda bastante nervoso, se juntou para cantar “Tu Na Tua”, música que o público, sussurrou, ainda tímido. “Vocês são um povo do carago”, disse Buba, entusiasmado com a plateia, que ia cantarolando com ele.
O palco principal manteve-se intacto para Nena e Joana Almirante, duas jovens cantoras que vieram mostrar o seu projeto 2 Pares de Botas. Acompanhadas de duas guitarras, as artistas iam pedindo a participação do público, que teve dificuldade em soltar-se. No entanto, foi em temas como “Os Croquetes Acabam”, “Por Meu Pé” e “Pôr do Sol”, que os fãs se libertaram e se fizeram ouvir. Nena e Joana interpretaram, ainda, “Jolene”, de Dolly Parton, e “Please Please Please”, de Sabrina Carpenter, enaltecendo o country, estilo musical que dá nome ao projeto de ambas.
À medida que o dia escurecia, a enchente era cada vez maior, e já estava tudo com a voz bem afinada para Miguel Araújo e Os Quatro e Meia. No palco, “Saudade” abriu o concerto, com uma energia que rapidamente se alastrou para todos nós: as crianças nos ombros dos pais, casais de mão dada a balançar, apaixonados, amigos em roda a dançar, copos ao alto a brindar. A festa estava apenas a começar. A discografia de Miguel Araújo e Os Quatro e Meia invadiu o palco, e ouviram-se canções como “Tiques de Rico”, “Balada Astral”, “A Terra Gira”, “O Tempo Vai Esperar”, “Dona Laura”, “Os Maridos das Outras” e “Olá Solidão”. “Pica do 7” e “Anda comigo ver os aviões” encaixaram como uma luva, e “Talvez se eu dançasse” foi o remate final. Contrariamente ao título da música, neste concerto, não foi “talvez”, foi mesmo de certeza: duas horas de temas conhecidos, cantados e dançados por todos, confirmando que existe muito espaço para a música portuguesa, e esse espaço está no Marés Vivas.
Entre os concertos, foi Beatriz Rosário que aqueceu a noite, que se punha fria. De Coimbra, a jovem entrou nervosa no Palco Moche, para apresentar o seu álbum de estreia ALFA, explorando a música tradicional e os novos sons.
O momento aguardado por muitos chegou e a chuva não deu tréguas a ninguém. Thirty Seconds To Mars, que não se deixaram fotografar, foram cabeça de cartaz e souberam assumir esse título.
Jared Leto, com o ego e carisma de quem sabe que tem o público na mão, arrancou o concerto com “Up in the Air” e “Rescue Me”, seguindo-se “Hail to the Victor” e “A Beautiful Lie”, canções que foram celebradas como se fosse pela última vez. Entre convites para o palco e interações com a multidão, o frontman descreveu o amor que sente por Portugal e confirmou que este foi o melhor concerto de toda a tour europeia. “Do or Die”, “The Kill” e “This is War” fizeram parte do espetáculo, que percorreu temas mais antigas e mais recentes, culminando num momento de plena explosão de energia, sentimentos e emoção, com “Closer To The Edge”. Romperam-se os confettis, agarraram-se os amigos, aumentaram os sorrisos e ergueram-se as centenas de vozes que esgotaram o festival.
Com uma performance impactante e uma autêntica celebração sem fim, os Thirty Seconds To Mars conquistaram o Marés Vivas que, até àquele momento, navegava a onda da música portuguesa.
O festival termina hoje, domingo (dia 20), com as atuações de Lhast, Jimmy P., Zarko, Tiago Nacarato, Nenny, Ozuna, Calema, e Pedro Sampaio.
