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Primeira Noite De Marés Vivas Foi Uma Máquina Do Tempo

Reportagem de Beatriz Lira (Texto) e António Parra (Fotografias)

O manto vestido de preto invadiu a primeira noite da 17ª edição do festival Marés Vivas, que arrancou ontem com um dia esgotado e dedicado ao “good old rock and rol”. Scorpions foram os verdadeiros protagonistas da primeira noite, que contou com Xutos & Pontapés, Marcus King e Hybrid Theory.

Apesar da notória legião de fãs de Scorpions, que não estava apenas plantada junto ao palco, mas que vagueava por todo o recinto, o primeiro dia do festival abriu com Jéssica Pina, concorrente do Festival da Canção 2025. De trompete na mão, jazz e groove na alma, a artista atuou no Palco Moche e deliciou os “early birds” que iam chegando ao recinto.

Já no Palco Meo, palco principal, a história foi outra. A banda Hybrid Theory trouxe a nostalgia com o tributo a Linkin Park. A banda portuguesa, conhecida internacionalmente, percorreu uma discografia que estava na ponta da língua de quem os ouvia. “Numb”, “Points of Authority”, “In the End” e muitas outras, serviram como espécie de exorcismo, onde todas as letras foram sentidas e vividas ao limite, e onde todas as gargantas se uniram para voltar ao passado, para voltar a viver os momentos que acompanharam estas canções.

A verdade é que a música tem este poder: unir vozes, momentos, sentimentos e experiências, todas elas distintas, para fazer sentir, de qualquer forma.

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O segundo nome no palco principal foi Marcus King, um cantor e guitarrista norte-americano que, com o seu chapéu cowboy, aproximou-se do microfone e entoou “This is how we do in South Carolina”, dando o mote para o concerto. Sem grandes surpresas no palco, o público foi aplaudindo e batendo o pé. Marcus King não fizeram tremer, mas souberam aquecer para o que viria a seguir.

À medida que anoitecia, o mar de gente especado em frente ao palco principal, ia crescendo. Famílias, crianças de todas as idades, avós, adolescentes: tudo pronto para os intemporais Xutos & Pontapés. Os clássicos varreram o festival de memórias, e as vozes do público foram o feat que cada canção precisava. “Maria”, “Circo de Feras”, “Não sou o Único”, “À Minha Maneira”, “Ai Se Ele Cai” e “A Minha Casinha” fizeram parte do reportório, que já conta com 40 anos. Foi em “Homem do Leme”, numa versão acústica e para fechar o concerto, que o festival estremeceu. O público assegurou que nenhuma palavra ficasse por cantar, que nenhum acorde ficasse por sentir.

Esta música faz parte da nossa história, como tudo o que os Xutos representam: foram, são e serão, um dos maiores capítulos da música portuguesa.

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Com as vozes bem aquecidas, restava esperar pelo cabeça de cartaz desta noite. Enquanto isso, muitos se movimentaram até ao Palco Moche para ouvir a Milhanas, de ar selvagem e voz indomável. Não era conhecida por todos, mas foi um pequeno furacão com muita vontade de explodir.

Faltava um concerto no palco principal: Scorpions. Os 60 anos de história passavam nos ecrãs, como se estivessem a dizer “olhem para nós, vejam o que fizemos” e, no público, a ânsia de voltar aos tempos gloriosos ecoava no recinto.

As guitarras elétricas, que eram tantas que se perdeu a conta, carregavam a melodia, em conjunto com uma batida estrondosa e ansiosa por se libertar. “It feels like coming home again”, enalteceu Klaus, o vocalista, como se pedisse ao público para fazer uma viagem no tempo, aos êxitos que marcaram gerações. “Wind of Change”, “Still Loving You”, “Big City Nights” e “Send Me An Angel” foram os discos mais pedidos pelos fãs, cumpridos pela banda em momentos de verdadeiro êxtase.

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After all these years, the bad boys are still running wild”, gritou Klaus, seguindo-se de um gigante aplauso da plateia que, ao longo de uma hora e meia de concerto, manteve-se fiel e firme no lugar. Em estilo de promessa para com eles, promessa de ficar, de regressar e de nunca esquecer aquele momento. A carregar anos e experiências às costas, Scorpions foram a prova viva de que a idade é, de facto, um posto. Ainda que “Rock You Like a Hurricane” tivesse terminado o concerto ninguém se mexeu. Voavam baquetas e palhetas para os fãs, e viam-se corações com as mãos e sinais de beijos e despedidas: se pudessem, os Scorpions ficavam ali toda a noite, e toda aquela plateia corresponderia, num piscar de olhos.

O festival continua hoje com Thirty Seconds to Mars, Miguel Araújo e os Quatro e Meia, Nena & Joana Almeirante, Luis Trigacheiro & Buba Espinho, Gonçalo Malafaya, Carol Biazin, Beatriz Rosário, e Tiago Nacarato.

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