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Josefa de Óbidos em Grande Exposição no MNAA

Reportagem de Elsa Furtado (Texto e Fotos)

josefa_obidos-001Nasceu em Sevilha em 1630 mas foi em Portugal que cresceu e se tornou conhecida, adoptando o nosso país como seu, para nome artístico a jovem Josefa, de baptismo de Ayala Figueira, escolheu o nome da vila onde viveu e trabalhou – Óbidos, e foi assim que foi imortalizada – Josefa de Óbidos, uma das poucas mulheres e grandes artistas da Arte Portuguesa e da Europa, cuja obra é agora revisitada no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA).

Josefa de Óbidos e a Invenção do Barroco Português é a exposição que se pode ver a partir de hoje no MNAA, e que apresenta uma nova leitura sobre a obra da pintora oitocentista e sobre a arte à sua volta.

A mostra está dividida em oito núcleos, e apresenta algumas das suas obras mais emblemáticas, mas também outras de pintores espanhóis seus contemporâneos e ainda da autoria do seu pai o pintor português Baltazar Gomes Figueira, num total de cerca de 130 obras, entre pintura, esculturas e artes decorativas, provenientes de várias coleções como igrejas de Óbidos, o museu do Prado e de Bellas Artes de Sevilha, o Mosteiro do Escorial e de inúmeras coleções privadas.

“Esta exposição pretende ser uma antologia crítica da obra de Josefa de Óbidos, apresentar um novo olhar sobre a sua obra, comparando-a por exemplo com a obra do pai, que foi seu mestre, e ainda com outros pintores espanhóis seus contemporâneos” – explicou ao C&H José Alberto Seabra Carvalho – subdiretor do MNAA, e um dos comissários da exposição, a par de Joaquim Oliveira Caetano e Ani?sio Franco.

Que destacou ainda que : “Apareceram novos dados biográficos sobre Josefa de Óbidos, que ajudaram a melhor interpretar as suas obras e também nos permite ver que ela estava perfeitamente inserida no contexto estético da época, do Barroco.”

Passaram mais de 24 anos deste a última exposição dedicada a Josefa de Óbidos, com esta nova mostra pretende-se dar a conhecer uma pintora de grande talento, que marcou uma época e um período com a sua “doçura” e estética, uma mulher independente, de fé, também afastar alguns dos mitos e preconceitos criados à sua volta, como o de provincianismo.

É uma obra quase desconhecida, que abre o percurso, Maria Madalena, recentemente adquirida num leilão da Sothebys em Nova Iorque, (por 269 mil dólares / 238.615 euros) pelo Luso-Francês Filipe Mendes e que depois da exposição no MNAA segue para o Museu do Louvre em Paris, a que foi oferecida.

Seguem-se pinturas de cariz religioso como o Menino Jesus Salvador do Mundo, retábulos, naturezas mortas, missais, tapeçarias, azulejos, esculturas, dispostas ao longo de várias salas.

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O núcleo Josefa em Óbidos abre a exposição, com obras que revelam mais inflência nórdica do que italiana e uma luminosidade aberta e um colorido franco influenciados pela obra de Francisco de Zurbara?n; segue-se a Natureza e a Paisagem com obras de Baltazar Gomes Figueira, de que se destacam as naturezas mortas.

O terceiro núcleo é dedicado ao Sentido e Formas do Barroco Português, de que se destacam esculturas e um retábulo. Já a sala seguinte apresenta obras de artistas espanhóis – o Bodegón Espanhol.

O quinto núcleo é dedicado a Óbidos e às obras do Modelo do Bodegón português, nomeadamente de Josefa, do pai e outros pintores do seu círculo familiar.

Tempo De Emancipação: Composições Religiosas dão o mote ao núcleo seguinte, dedicado aos retábulos, às figuras divinas e em que está reflectida a influência de Santa Teresa de A?vila, também presente no núcleo VII, dedicado às Imagens de Intimidade e Devoção, de que a figura do Menino Jesus ou Agnus Dei são o elemento principal. Nestas obras pode-se ver os rostos ovalados, abonecados, com olhos enormes e bocas pequenas das figuras espirituais, que são uma originalidade de Josefa de Óbidos, e que distingue o barroco português, nacional do espanhol, segundo explicaram os responsáveis pela exposição.

Encerra o percurso O Céu Aberto na Terra: O Espaço Onírico do Barroco Português, que vai buscar o título a Frei Francisco de Santa Maria na sua cro?nica dos Loios, de 1697, e na qual se destacam um Retábulo da Igreja da Misericórdia de Peniche sobre a Crucificação, um Andor, Santos e alguns Óleos.

Josefa de Óbidos morreu a 22 de julho de 1684, na vila a que foi buscar o nome, com apenas 54 anos, não deixou descendência, mas ficou imortal nas suas obras e legado, que é agora relembrado e homenageado.

Josefa de Óbidos e a Invenção do Barroco Português pode ser vista até 6 de setembro, de terça-feira a domingo, das 10h00 às 18h00, na Sala de Exposições Temporárias do MNAA. Os bilhetes podem ser adquiridos no Museu, nos locais habituais e online; e custam 7 euros o bilhete simples ou 11,50 euros o combinado museu e exposição; jovens dos 7 aos 18 anos pagam 3,50 euros o simples e 6 euros o combinado e é gratuito para crianças até aos 6 anos.

 

 

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