A partir de 30 de outubro, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) em Lisboa abre as portas a duas novas exposições: as mostras Disco, da pintora suíço-argentina Vivian Suter, e Rooms, do artista britânico Anthony McCall, estarão em exibição na MAAT Gallery até 17 de março de 2025. Curadas por Sérgio Mah, as exposições exploram o diálogo entre arte e natureza, em peças de grande dimensão e originalidade.
Vivian Suter – Disco
Nascida em 1949 e radicada há décadas em Panajachel, na Guatemala, Vivian Suter construiu ao longo dos últimos 40 anos uma obra singular, profundamente imersa no ambiente natural em que vive e trabalha. A exposição Disco, intitulada em homenagem ao seu cão, reúne mais de 500 pinturas, entre as quais 163 inéditas, que refletem uma fusão de técnicas e influências naturais. As peças não têm título nem data, assumindo-se como uma série contínua, onde materiais como acrílico, óleo e pigmentos misturados com cola de peixe se unem às marcas das folhas, pegadas de animais e poeiras da paisagem guatemalteca.
Nas suas telas, expostas frequentemente às condições naturais, o clima, a luz e os elementos locais impregnam as cores e texturas de uma dimensão orgânica e imprevisível. O curador Sérgio Mah destaca que o trabalho de Suter se inscreve num “idioma expressivo” único, onde a natureza se torna coautora da obra. Para o público, a mostra oferece uma experiência sensorial e contemplativa, que questiona a separação entre o artista e o ecossistema.
Após a passagem por Lisboa, a exposição viajará para o Palais de Tokyo, em Paris, no verão de 2025, consolidando a relevância internacional do trabalho de Suter, especialmente após a sua participação na Documenta 14 em 2017 e em exposições no Museu Reina Sofia e na Vienna Secession.
Anthony McCall – Rooms
Também a partir de 30 de outubro, o MAAT apresenta a primeira exposição individual de Anthony McCall em Portugal, onde o artista britânico exibe quatro das suas mais emblemáticas instalações fílmicas, conhecidas como “Solid Light Works”, criadas entre 2007 e 2020. Rooms permite uma experiência sensorial única, na qual esculturas de luz e fumo desenham formas tridimensionais efémeras no espaço. As suas obras, que integram elementos da escultura, cinema e desenho, oferecem ao visitante uma experiência imersiva, desafiando a perceção da fisicalidade da luz e do espaço.
O percurso artístico de McCall, que regressou à criação em 2003 após uma longa pausa, utiliza dispositivos digitais e técnicas inovadoras para manipular o comportamento da luz, envolta em névoa, e projetada em espaços escuros. A interação do público com a obra torna-se um ato performativo, enquanto a fisicalidade das projeções de luz ganha nova dimensão. Em complemento, a exposição inclui a fotografia “Room with Altered Window” (1973), que documenta uma das primeiras experimentações de McCall com luz e espaço.
Rooms reforça o diálogo com a coleção do MAAT, onde o trabalho de McCall já havia sido destacado na exposição Traverser la Nuit, em 2022, com a peça “Meeting you Halfway II”.
No dia 23 de novembro, o espaço de Rooms receberá ainda uma performance ao vivo do músico David Grubbs, uma adição que sublinha a natureza performativa das obras de McCall e proporciona uma nova camada interpretativa ao visitante.
As novas exposições no MAAT não só celebram a individualidade das práticas artísticas de Vivian Suter e Anthony McCall como também refletem o compromisso do museu em promover o encontro entre arte contemporânea e questões ambientais e ecológicas. A curadoria de Sérgio Mah assegura que ambas as exposições dialogam com o público através da imersão sensorial e da reflexão sobre a interdependência entre ser humano e natureza.
Os bilhetes de entrada no MAAT custam 11 euros. Há desconto para jovens, séniores e desempregados. A entrada é gratuita ao primeiro domingo de cada mês, entre as 10h00 e as 13h00.
