Foram os legítimos herdeiros do grunge, jovens no início da década de 90, quem marcou presença no último dia de NOS Alive 2024. O compromisso foi assumido em dezembro do ano anterior, quando foi anunciada a confirmação da banda de Seattle – Pearl Jam – nesta edição do festival.
Os bilhetes para este dia esgotaram em 24 horas, ainda sem se saber quais os restantes nomes do cartaz. Ao longo de mais de três décadas de atividade os Pearl Jam mantêm uma base de fãs leal. O festival tem o nome de uma das suas músicas e esta foi a quarta vez que deram brilho ao cartaz. Estiveram na primeira edição (2007), em 2010 e em 2018.
Eddie Vedder (vocalista), Mike McCready (guitarrista), Matt Cameron (baterista), Stone Gossard (guitarrista) e Jeff Ament (baixista) foram as estrelas de uma noite em que o rock dominou o cartaz.
Alguns concertos cancelados nesta digressão (em Londres e Berlim) deixaram o publico sobressaltado. Restabeleceram-se a tempo de atuar em Barcelona, Madrid e Lisboa, onde encerraram esta volta pela Europa. Os Pearl Jam estão bem, “Alive” e mais uma vez deram um grande concerto que deixou os fãs muito satisfeitos.
A ligação a Portugal é próxima. Eddie Vedder fez questão de realçar o quanto a banda gosta de atuar por cá, mesmo com um discurso algo atabalhoado.
Como é habitual nos seus concertos, em território nacional, traz os recados escritos no papel e empenha-se na difícil tarefa de os transmitir em português. Imprecisões à parte, ficámos a saber que retém a Ericeira e Cascais na memória e que estão muito agradecidos de estar aqui.
O concerto durou quase duas horas. Arrancaram em força com “Daughter”, seguiram com as novas “Dark Matter” e “React, Respond”, e recuperaram “Animal” pela primeira vez na digressão. A festa celebra-se com “um brinde a este festival!”
A vitalidade é outra e Eddie Vedder vai-se deixando ficar no centro do palco, longe dos anos em que trepava colunas de som e andaimes. Ocasionalmente, vai às laterais, cumprimentar o público, ávido de um aceno.
A canção “Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town” abriu caminho para “Wreckage”, do novo álbum lançado em abril. Em seguida, vieram “Why Go” e “Jeremy”, numa primeira incursão pelo álbum de estreia da banda, Ten, complementada por “Wishlist”.
A seguir, tocaram “Waiting for Stevie”, uma música que celebra a magia dos concertos ao vivo. Depois de “Even Flow”, os elogios concentraram-se em Matt Cameron. Para Eddie Vedder, o baterista é parcialmente responsável pela qualidade do novo álbum, introduzindo “Upper Hand”, onde a destreza deste baterista é, mais uma vez, comprovada.
O baixista Jeff Ament, os guitarristas Stone Gossard e Mike McCready tiveram também os seus momentos de solo ou pequenas jams nesta atuação. O talento dos Pearl Jam não se resume ao carisma do seu vocalista.
O encore foi quase uma segunda parte. Começou com uma chamada de atenção ao estado do mundo e sozinho em palco, Eddie Vedder interpretou um emocionante “Imagine” (cover de John Lennon). Antes, contou que aprendeu a letra desta música um dia antes de uma atuação a solo, num outro festival em Portugal, onde a tocou pela primeira vez (Super Bock, Super Rock, 2014).
As emoções mantiveram-se intensas com “Black” e “Do the Evolution”.
Perto do fim, “Alive” transportou a multidão numa viagem no tempo, com os coros a estenderem-se. Eddie Vedder voltou a percorrer todo o palco a distribuir pandeiretas pelo publico. Para a despedida final, a banda escolheu “Rockin’ in the Free World” de Neil Young e o sucesso de 1995 “Yellow Ledbetter”.
Nem o Presidente da República Portuguesa faltou a este final de concerto. Marcelo Rebelo de Sousa juntou-se aos milhares de festivaleiros, na lateral esquerda do palco, onde cantou – como todos – o refrão de “Alive”.
SUM 41
Antes, atuou neste palco SUM 41, a banda canadiana de pop punk, formada em 1996 em Ajax, Ontário. São um dos grupos pioneiros do pop punk do início dos anos 2000, ao lado de nomes como Blink-182 e Green Day.
Este concerto, em Portugal, foi uma estreia, mas também uma despedida. Os norte-americanos anunciaram o fim do grupo com o lançamento do disco Heaven :x: Hell.
Trouxeram todos os sucessos ao palco do NOS Alive: na reta final uma versão mais pesada de “We Will Rock You” seguida de “In Too Deep”, “Fat Lip” e “Still Waiting”.
Alec Benjamin
Com uma sonoridade que mistura pop com folk, Alec Benjamin regressou ao palco onde já havia atuado em 2022.
Foi com o tema “Let Me Down Slowly”, lançado em 2018, que Alec Benjamin alcançou o reconhecimento global. A canção, que aborda temas de vulnerabilidade e abandono, tornou-se um sucesso comercial, acumulando milhões de reproduções nas plataformas digitais e alcançando posições de destaque nas tabelas musicais de vários países. Foi com este tema que fechou a sua atuação no NOS Alive, deixando toda a gente a cantar o refrão.
The Breeders
Outra viagem ao passado, neste último dia de NOS Alive teve lugar com The Breeders. A banda, que ganhou protagonismo nos anos 90, foi criada por Kim Deal, baixista dos Pixies, e Tanya Donelly, guitarrista dos Throwing Muses. A formação inicial contou também com Josephine Wiggs, baixista dos Perfect Disaster, e Britt Walford, baterista de Slint, que usou o pseudónimo Shannon Doughton.
The Breeders tiveram origem na frustração de Kim Deal, com o papel limitado nos Pixies. Desejando um espaço maior para expressar a sua criatividade, Deal uniu-se a Donelly, resultando numa colaboração que levou ao lançamento do EP “Safari” em 1992. Este projeto demonstrou a capacidade das duas compositoras para criar músicas inovadoras, combinando influências de rock alternativo, punk e pop.
Foi esta sonoridade que trouxeram ao final da tarde, ao Passeio Marítimo de Algés, numa atuação discreta. Sentiu-se uma reação maior do público à chamada de “Cannonball”.
Black Honey
O rock alternativo de Black Honey, grupo de Brighton, Inglaterra, animou o início de tarde no palco Heineken. Com um look de “capuchinho vermelho” Izzy B. Phillips (vocalista e guitarrista) é uma líder carismática e chamou a atenção sobre si.
Com letras que exploram temas de amor, perda e identidade os Black Honey têm uma presença de palco cheia de energia que cativa. Em alinhamentos curtos, jogam-se os trunfos mais cedo do que o habitual. Foi o que fizeram ao entregar ao público “I like the way yoiu die”, na primeira parte do concerto.
Blasted Mechanism
Os Blasted Mechanism são uma banda portuguesa formada em 1995, que também esteve presente na primeira edição do festival Alive. Conhecida pela sua fusão inovadora de rock alternativo, música eletrónica e world music, a banda destaca-se também pela sua imagem visual original, que inclui figurinos futuristas e maquilhagem elaborada, criando uma estética de “sci-fi tribal”.
O projeto tem tido alterações na sua formação e é composto atualmente por Valdjiu, Guitshu, Fred Stone, Riic Wolf e Ary.
Os Blasted Mechanism são conhecidos pela sua capacidade de misturar géneros musicais de forma coesa. As letras muitas vezes abordam temas universais e cósmicos e refletem uma visão futurista e consciente do mundo.
Conseguiram conquistar o público, desde que entraram em palco, neste início de dia.
O último dia do NOS Alive 2024 encerrou com chave de ouro, deixando boas memórias a todos os presentes. A energia vibrante do público e a atmosfera única do festival proporcionaram uma experiência memorável.
A organização anunciou, neste último dia, as datas da próxima edição: o NOS Alive regressará ao Passeio Marítimo de Algés nos dias 10, 11 e 12 de julho de 2025. Com esta notícia, os fãs já podem começar a contagem decrescente para mais uma edição recheada de grandes momentos e atuações imperdíveis.
Recorde os dias anteriores de NOS Alive 2024:
NOS Alive: Um Primeiro Dia de Grandes Êxitos com Arcade Fire, Smashing Pumpkins e Benjamin Clementine
NOS Alive 2024 – A Diva Pop Dua Lipa Numa Noite Em que Também Se Destacaram As Atuações de Aurora e Michael Kiwanuka
