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Rammstein – Polémicas À Parte Recebemos Uma Das Maiores Bandas Da Atualidade

Reportagem de Tiago Silva

Rammstein em Lisboa - Foto: Facebook

Há pouquíssimas bandas de estádio, hoje em dia, e ter Portugal no seu mapa é algo que nos deve orgulhar. Ainda por cima já lá vão dez anos desde a última vez que os Rammstein nos visitaram.

Um público que incluía muitos estrangeiros, e em número muito para além do que, normalmente, suporta o metal em Portugal, encheu o Estádio da Luz, esta segunda-feira, para uma efeméride. A banda de metal industrial montou uma fábrica de música.

No centro, estavam grande torres que chegavam ao topo do estádio, quatro enormes discos de luzes, dois de cada lado e luzes que iluminavam toda a estrutura até ao topo. No centro das duas torres, a lembrar chaminés metálicas de fábrica, seria mostrado um painel com imagens. No meio do público,  quatro torres carregadas de som e luzes.
Com tanto aparato o público já estava em ebulição.

Abelard
Tocaram num palco lateral, atrás da banca de merchandising.
Abelard é um duo composto por pianistas francesas: Katherine Nikitine, Héloïse Hervouët.

Tocam as músicas de Rammstein em arranjos de piano, que lhes dá uma nova dimensão.

Não é fácil manter a comunicação quando se está agarrada a um piano, mas lá foram puxando pelo público a espaços, que foi entoando as melodias das músicas. Ao fim e ao cabo tocam só Rammstein.

Foi um bom momento e muito bem executado.

Rammstein

A antecipação era tanta que se ensaiou uma hola com os telefones acesos, estava tudo pronto.

Os Rammstein, nos últimos tempos, têm sido alvo de críticas devido ao comportamento do vocalista Till Lindemann, mas isso não interessava, estava ali tudo pela música e pelo espetáculo.

Descendo das alturas das torres centrais, Till, em jeito de capataz da fábrica, entoou as primeiras palavras de “Rammleid”. Piscavam luzes e com uma explosão ligaram a fábrica do espetáculo.

O ataque do duplo bombo sente-se forte, um som poderosíssimo, diria que até talvez com um baixo forte demais. As torres no meio do público expelem fumo preto, um cheiro a borracha enche o ar, por entre luzes, ou não fossem os reis do metal industrial que arrancaram com a fábrica.

Ninguém se faz rogado a gritar “Rammstein”.

Vestidos com fatos pretos como operários fabris, cheios de fuligem. Só o teclista enverga um fato de macaco amarelo e está numa passadeira, sempre a andar enquanto toca.

Entrada directa em “Links-2-3-4”, caem panos vermelhos com o símbolo da banda, “Bestrafe Mich”, “Giftig”.

Till bate efusivamente nas pernas, puxa pelo público, todas as polémicas foram esquecidas, nesta noite só a música importa.

“Sensucht” traz mais um lote de explosões, as cores mudam, as torres do centro do relvado expelem fogo e por momentos todo o estádio está iluminado.

Num dos momentos da noite, “Puppe”, um carrinho de bebé gigante vem para o palco, as imagens do painel central mostram os elementos da banca com uma qualidade incrível, com pouquíssimo delay ou nenhum.

O carro arde, assim como a infância da criança da canção, confettis pretos explodem pelo ar, mais fumo negro, fazemos o luto pelas infâncias desgraçadas.

Seguiu-se “Angst”, “Zeit” para acalmar.

Do centro das duas enormes torres, desce uma plataforma, um dj mete uma pista de eurodance, no palco surgem umas figuras, tipo stick figure, de led e dançam à maluca, incentivam o publico a dançar e a entrar em “Deutschland”.

Esta fusão com eurodance é talvez um dos apelos dos Rammstein, a fusão do peso com linhas melódicas que convidam ao movimento e o baixo e bombos fortes e sempre presentes, tornam as suas canções irresistíveis.

“Mein teil” tem de ser bem cozinhado, um caldeirão gigante, um Till ensanguentado com um grande facalhão no microfone, estava para ser servido o jantar.

Dentro do caldeirão vem o teclista, Christian Lorenz, um dos principais compositores, juntamente com Richard Kruspe nas guitarras.

São disparadas várias salvas de lança-chamas ao caldeirão sem que Lorenz saia de lá, até que é necessário ir buscar um canhão de fogo, este número é incrível e, de certeza, por muito controlo que exista, um risco para o desgraçado do Lorenz, mas que é espetacular, é.

Não existem, neste momento, bandas de estádio que consigam esta arte cénica em conjugação com a música.

Existem muitas com painéis led, fantásticos, sem dúvida, mas nos Rammstein há um colocar, literal, das mãos no fogo pelos fãs e pelo espectáculo.

Depois de cozinhar o teclista, faltava cozinhar o público, “Du hast” aqueceu o estádio com explosões constantes, sentia-se o calor que emanava do palco e das quatro torres distribuídas pelo recinto.

“Sonne” continuou com compassos de fogo.

Pausa, com ovação, e expectativa.

“Engel” tocada no palco lateral com as Abelard. Letra no ecrã principal para o público acompanhar, algo estranho, mas eles devem saber que há muita gente a ver pelo espectáculo.

Voltaram em três barcos de borracha, carregados pelo público, até ao palco principal, com uma ovação enorme.

Mas ainda havia mais música, a dançável “Auslander”.

Em “Rammstein”, canção utilizada por David Lynch no seu Lost Highway, tivemos Till a expelir fogo das costas, qual pavão pirómano.

“Adieu”, com mais uma explosão de confetis, mas brancos desta vez, apropriadamente, levou-nos ao fim de um excecional concerto.

Os Rammstein são uma das grandes bandas da atualidade, com quase 30 anos de existência, continuam relevantes e a editar discos de qualidade, não vivem do sucesso dos anos 90. Os seus espetáculos são assombrosos. Infelizmente, bandas como estas há poucas.

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