A Rádio Renascença completou 85 anos com um concerto muito especial, na Altice Arena, ontem à noite: a primeira atuação em Portugal da Orquestra Filarmónica de Viena – fundada em 1842, conduzida pelo maestro russo Tugan Sokhiev.
Com início programado para as 21h30, foi com poucos minutos de atraso que a noite começou, com a projeção dos discursos da praxe, seguiu-se um momento de homenagem ao Comendador Rui Nabeiro, falecido ontem – Dia do Pai, aplaudido durante alguns momentos por uma Arena esgotada, reflexo de uma admiração e reconhecimento unânime do público presente, e não só.
Depois deste momento emotivo teve início o concerto, numa noite de homenagem à coragem, liberdade e ao futuro.
Para esta atuação, a Orquestra Filarmónica de Viena, (uma das mais famosas orquestras em todo o mundo), escolheu para dirigir os seus 89 músicos o maestro russo Tugan Sokhiev, nascido na Ossétia, que se despediu do Teatro Bolshoi em Moscovo e da Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse depois da invasão da Ucrânia.
O programa escolhido incluiu duas peças, da autoria de dois compositores russos, do período romântico: Peter Iljitsch Tchaikovsky – Sinfonia Nr. 4 em Fá Menor, op.36, composta em 1877, ouvida na primeira parte; e Rimski-Korsakov – Suite Sinfónica Scheherazade, op.35, composta em 1888 e baseada no livro Mil e Uma Noites, na segunda parte.
Duas composições lindíssimas, “suaves”, com alguns momentos mais “vibrantes”, muito características do período romântico, e nas quais se destacaram a execução brilhante dos violinos, especialmente da concertmaster Albena Danailova, e também das flautas. Numa prova clara da grandeza da Música e da Cultura em relação à sua origem, mostrando que esta é transversal e intemporal, e “apátrida”, sem lados. “A música está acima de qualquer divergência , conflito ou pensamento”.
Para o encore ficou guardada uma surpresa, chamemos-lhe um “bombom vienense” – uma animada polka austríaca, muito apreciada e aplaudida pelo público presente, de Johann Strauß II., Unter Donner und Blitz. Polka schnell, op. 324.
Ontem ouviu-se uma das melhores orquestras do mundo, dirigida por um dos mais promissores e brilhantes maestros da sua geração, e que apresentou um programa musical excelente e “delicioso”, que encantou e fez sonhar uma Arena esgotada, de amantes de música clássica, mas acima de tudo de amantes de música, numa celebração do passado virada para o futuro.
Parabéns RR … e viva a Música e a Liberdade!
